A Luta pela afirmação do Futebol Africano – As primeiras edições do CAN – Anos 60 (Parte 3)

Como já tínhamos visto, 1957, foi o ano do primeiro CAN, foi o ano da criação da CAF.

Mas também foi o ano em que o Gana alcançou a autonomia vendo-se livre do domínio britânico, e sendo o primeiro país da África Ocidental a tomar esse rumo, o que viria a impulsionar outros tantos países nos anos 60.

Além do Gana, pelo menos 4 nações já haviam alcançado a liberdade, Líbia (1951), Sudão (1956), Marrocos (1956) e Tunísia (1956).

Estes acontecimentos seriam cruciais para formarem um sentimento emergente, e que rapidamente viria a propagar-se um pouco por todo o território subsaariano.

Nos anos 60, o processo de descolonização acelerou, foi como se um vulcão adormecido tivesse acordado, e a lava aqui seria representada pelas 17 nações que sairiam das amarras do jugo colonial.

E devido aos efeitos que sucederiam, a terceira edição do CAN, disputada em 1962, na Etiópia, trouxe um aumento de participantes, passando a ser 9 os países em competição, mas tendo primeiro de superar a fase do torneio de qualificação.

A República Árabe Unida desapareceu um ano antes, depois de um golpe de estado na Síria, mas o Egito manteve a nomenclatura até 1971.

Esta prova também foi marcada pela ausência do Sudão, que não participou pela primeira vez.

Os campeões em título e os anfitriões passaram directamente à fase seguinte, Marrocos viria a desistir antes de jogar sequer, deixando as equipas reduzidas a 6, todas em busca das duas vagas restantes.
Entretanto, a Tunísia e o recém-liberto do domínio britânico, Uganda, fizeram a estreia na competição.

A Tunísia seria derrotada por 2-4, depois de ter estado em vantagem por 2-0, frente à selecção da casa, a Etiópia.

E o Uganda perderia igualmente para os detentores do troféu, que ganhariam por 1-2.

Na final, a República Árabe Unida procurava chegar ao terceiro campeonato na qualidade de vencedor, mas tinha pela frente os etíopes, que eram compostos por uma mistura étnica, com grande parte do seu elenco eritreu, 8 dos 11 titulares.

Isto porque em 1961, o Imperador Haile Selassie fez com que a Eritreia se tornasse uma província etíope, quando antes era uma federação entre ambos.

Após também terem estado a perder 2-0, os homens da casa empataram o jogo e no prolongamento marcaram dois tentos que valeram novo triunfo e o desejado título por 2-4.

Foto site CAF

Os avançados da Etiópia, Mengistu Worku e da República Árabe Unida, Badawi Abdel Fattah foram os melhores marcadores do torneio com 3 golos apontados, mas Mengistu Worku seria eleito o jogador mais valioso do torneio.

Na edição seguinte, um ano depois, o Gana preparou-se para receber o evento, fazendo a estreia no CAN. O Sudão regressou depois de ter estado ausente, Tunísia, República Árabe Unida e os vencedores anteriores, Etiópia marcaram todos presença, com a Nigéria também a juntar-se aos estreantes.

O formato viria a sofrer alterações, com as equipas divididas em 2 grupos de 3 cada, os vencedores de cada grupo disputariam a final, enquanto os segundo colocados poderiam tentar disputar o jogo de terceiro lugar.

Para o Sudão, houve motivos de contentamento, a selecção voltaria em grande, registando um triunfo por 4-0 sobre a Nigéria, além do empate com a República Árabe Unida a 2-2. Já, a República Árabe Unida, venceria por 6-3 diante da estreante, Nigéria.

Assim sendo o Sudão foi à final, com um melhor diferencial de golos, iria defrontar os anfitriões, Gana, que venceram a sua chave com um empate a 1-1 com a Tunísia, e uma vitória por 2-0 sobre a Etiópia, enquanto os etíopes bateram os tunisinos por 4-2.

A final entre Sudão e Gana avizinhava um campeão inédito, e foi a formação ganesa a coroar a sua primeira participação com um título, depois de triunfar por 0-3 diante do formação sudanesa.

A República Árabe Unida garantiria o terceiro posto, ao bater por 3-0 a Etiópia.

O artilheiro máximo e melhor jogador da prova foi o jogador da República Árabe Unida, Hassan El-Shazly, com 6 golos.

Em 1965, o CAN tornou a viajar até ao Norte de África, mas desta feita para ser sediado na Tunísia. A nível de modelo, nada mudou em relação à edição anterior.

As grandes novidades foram a participação do Congo-Léopoldville, Senegal e Costa do Marfim, com Tunísia como equipa da casa, Gana a defender a conquista trazida da prova passada, e Etiópia.

O Senegal surpreenderia a equipa da Etiópia goleando por 5-1, mas empatou a 0-0 com a Tunísia, o que custou às aspirações dos Leões de Teranga, isto porque a Tunísia ganhou por 4-0 sobre os etíopes, e assim qualificou-se para mais uma final frente aos campeões, Gana.

Os Black Stars viriam a superar o Congo-Léopoldville por 5-2, e a Costa do Marfim por 4-1, enquanto a Costa do Marfim viria a derrotar o Congo-Léopoldville por 3-0.

E no jogo de terceiro lugar conseguiria obter um triunfo por 1-0 sobre o Senegal.

Na final, o Gana ergueu o título pela segunda vez consecutiva, derrotando a Tunísia por 3-2 após prolongamento.

Três jogadores estiveram entre os melhores marcadores do campeonato, todos eles com 3 golos cada, Ben Acheampong, Osei Kofi e Eustache Manglé.
Mas foi de Osei Kofi o prémio do mais valioso do torneio.

Chegados a 1968, disputou-se a sexta edição do CAN, e a Etiópia recebeu novamente o torneio.

O número de equipas passou a ser de 8, com dois grupos divididos em 4 de cada lado.

A prestação da Etiópia no CAN de 1965 não tinha sido nada favorável, os etíopes estavam preparados para fazer muito melhor, anotando 3 vitórias na fase de grupos.

Bateriam o Uganda, por 2-1, a Costa do Marfim por 1-0, e a estreante, Argélia, por 3-1.

Os Costa-Marfinenses passariam à fase seguinte ganhando à Argélia por 3-0, perdendo 0-1 frente à Etiópia, e triunfando ante o Uganda por 2-1.

Do outro lado da chave, os bicampeões empatariam com o Senegal a 2-2, e bateriam o Congo-Kinhasa por 2-1, bem como o estreante Congo-Brazzaville por 3-1.

Enquanto, o Congo-Kinhasa ganharia por 3-0 sobre o Congo-Brazzaville, perderia 1-2 com Gana e ganharia 2-1 ao Senegal.

Nas meias-finais, enfrentaria os anfitriões, e no prolongamento asseguraria a passagem à final numa vitória por 3-2, já o Gana também ganharia pela margem mínima sobre a Costa do Marfim por 4-3.
Mas na final, o Congo-Kinhasa selaria a campanha com a conquista do título frente aos bicampeões, Gana por 1-0.


No jogo do terceiro posto, a Costa do Marfim venceria diante da Etiópia por 1-0.

O jogador marfinense, Laurent Pokou, terminou com 6 golos como o artilheiro máximo, mas o Guarda-redes, Kazadi Mwamba, foi eleito o melhor jogador da prova.

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