Os anos 80 seriam uma nova fase pós-colonial para o continente africano, com golpes militares a eclodir por toda a parte, República do Alto Volta/Burkina Faso (5x), Libéria, Guiné-Bissau, República Centro-Africana, Gana, Gâmbia, Seicheles, Quénia, Chade, Nigéria (2x), Camarões, Guiné-Conacri, Mauritânia, Uganda, Sudão (3x), Lesoto, Togo, Burundi, Tunísia, um total de 26 golpes.
Saindo da instabilidade governativa e do clima político para o âmbito desportivo, o ano de 1980 marcaria também a 12.º edição do CAN, realizada na Nigéria pela primeira vez.
Os participantes seriam os detentores do título, Gana, a selecção de Marrocos e os regressados, Egipto, que não se qualificara em 1978, tal como a Costa do Marfim, que estivera interdita de participar na competição nesse mesmo ano, bem como a Guiné-Conacri, voltaria depois de não ter-se qualificado nessa mesma edição, e por fim, a Argélia, que também ficara ausente, mas por uma duração mais longa, desde 1968 que não disputara o CAN. Seguir-se-iam, a Nigéria na qualidade de anfitriã, e a estreante, Tanzânia.
O modelo do torneio seria à semelhança do CAN de 1978, com oito selecções divididas em dois grupos de quatro.
Na chave A, Nigéria totalizaria cinco pontos, enquanto Egipto acabaria com quatro, sendo ambas as selecções a passar para ronda seguinte.
A derrota dos Faraós frente à Nigéria, por 0-1, faria a diferença no cômputo geral, por sua vez os nigerianos não perderiam nenhum encontro.
Na chave B, Argélia e Marrocos, terminariam em primeiro e em segundo respectivamente, com a Argélia a totalizar cinco pontos e Marrocos a ficar pelos três pontos.
Marrocos perderia por 0-1 com a Argélia, ao passo que a Argélia não seria derrotada em nenhuma partida da fase de grupos.
Nas meias-finais, a Nigéria mediria forças com Marrocos, e ganharia por 1-0, enquanto a Argélia precisaria de ir a penáltis com o Egipto para levar a melhor por 4-2 na cobrança da marca de 11 metros.
No jogo do terceiro lugar, Marrocos asseguraria uma vitória por 2-0 sobre o Egipto, enquanto na final, perante os adeptos locais, a selecção da Nigéria triunfaria por 3-0 frente à Argélia, coroando as Super Eagles com o primeiro título no CAN.
E um novo troféu, conhecido como Taça da Unidade Africana, que foi doado pelo Conselho Supremo do Desporto Africano à CAF.
Os melhores marcadores da prova seriam o marroquino, Khalid Labied e o nigeriano, Segun Odegbami com 3 golos anotados, já o prémio de melhor jogador do torneio seria atribuído a Christian Chukwu da Nigéria.
A equipa do CAN foi uma inovação introduzida desde 1970, em 1980 os eleitos foram: o GR, Best Odegegbe, da Nigéria, os defesas, da Argélia, Mustapha Kouici, do Egipto, Mohamed Salah El-Din, da Guiné-Conacri, Moussa Camara, da Nigéria, Christian Chukwu, os médios, da Argélia, Lakhdar Belloumi, Ali Fergani, do Egipto, Mahmoud El Khatib, Shawky Gharieb, e os avançados, da Argélia, Salah Assad e da Nigéria, Segun Odegbami.
Dois anos depois, a competição deslocar-se-ia para a Líbia para a 13.º edição.
O formato do CAN seria tal como na edição passada, com oito selecções divididas em dois grupos de quatro.
Os campeões, Nigéria, e os anfitriões Líbia, seriam acompanhados pela Tunísia, pelo Gana, pela Argélia, e pelos retornos de Camarões, de fora desde 1972, da Zâmbia, que não participara da edição anterior, e da Etiópia, de fora desde 1976.
No grupo A, a Líbia e o Gana acabariam ambos com quatro pontos, mas o diferencial de golos penderia favoravelmente aos homens da casa.
A Líbia conseguiria uma vitória por 2-0 sobre a Tunísia, e um empate a 2-2 com o Gana, a juntar a um nulo contra os Camarões, ao passo que os ganeses teriam também um nulo com os Camarões, o empate com os líbios, mas uma vitória pela margem mínima contra as Águias de Cártago.
No grupo B, a Argélia terminaria como líder com cinco pontos, sem nenhuma derrota, já a Zâmbia seria segunda colocada com quatro pontos, com o único desaire a ser por 0-1 com os argelinos.
Nas meias-finais, o Gana venceria por 3-2 após o prolongamento contra a Argélia, do outro lado, os anfitriões ganhariam por 2-1 sobre a Zâmbia.
No jogo da atribuição do terceiro lugar, a Zâmbia ficaria com a consolação de bater por 2-0 a Argélia.
E na final, o Gana faria história alcançando o quarto título do CAN, recorde máximo à data, depois de superar a Líbia nas grandes penalidades por 7-6, após a partida ter ficado empatada a 1-1 no tempo regulamentar.
O ganês, George Alhassan seria o artilheiro máximo da prova com 4 golos, mas o melhor jogador da competição seria uma honra concedida ao jogador líbio, Fawzi Al-Issawi.
Quanto à equipa do torneio, seria composta pelo GR, camaronês, Thomas Nkono, o guardião que inspirou Gianliugi Buffon a calçar as luvas, os defesas da Argélia, Chaabane Merzekane, do Gana, Sampson Lamptey, Haruna Yusif, e o da Líbia, Ali Al-Beshari, os médios, do Gana, George Alhassan, Samuel Opoku Nti, Emmanuel Quarshie e Fawzi Al-Issawi, e os avançados, Salah Assad pela segunda vez consecutiva na equipa do CAN, e Rabah Madjer, que viria a ser uma lenda do FC Porto, conhecido pelo golo de calcanhar em Viena aquando da primeira conquista na Taça dos Campeões Europeus para os azuis e brancos frente ao Bayern Munique, em 1987.
Em 1984, realizar-se-ia a 14.º edição do CAN, desta vez na Costa do Marfim.
O formato iria ser o mesmo da edição anterior, a Costa do Marfim na qualidade de anfitriã seria acompanhada pelo estreante, Malaui, pelos campeões, Gana, pelo Egipto, pela Nigéria, pela Argélia, pelos Camarões e pelo Togo, que marcaria o regresso à prova, de fora desde 1972.
Na chave A, o Egipto terminaria em primeiro lugar com cinco pontos, já os Camarões passariam em segundo com quatro pontos.
Na chave B, a Argélia ganharia o grupo pela terceira edição seguida, desta feita com cinco pontos, enquanto a Nigéria acabaria com quatro pontos.
Nas meias-finais, o Egipto empataria a 2-2 com a Nigéria no tempo regulamentar, mas perderia para as Super Eagles nos penáltis por 7-8, e no duelo dos Camarões contra a Argélia, a contenda também resultaria num empate, neste caso um nulo, mas com os Camarões a sair por cima por 5-4 na marca dos 11 metros.
No jogo pelo terceiro lugar, o Egipto cairia diante da Argélia por 1-3, e na final, os camaroneses lograriam a primeira conquista no CAN superando os nigerianos por 3-1.
O melhor marcador da prova foi o egípcio, Taher Abouzeid, enquanto o prémio de jogador mais valioso do torneio foi para o camaronês, Théophile Abega e uma terceira categoria foi acrescentada, a de melhor guardião, a honra foi atribuída a Joseph-Antoine Bell.
A equipa do CAN seria composta pelo melhor GR do torneio, o camaronês, Joseph-Antoine Bell, pelo compatriota, Isaac Sinkot na defesa, seguido dos egípcios, Ali Shehata e Ibrahim Youssef, e do nigeriano, Stephen Keshi, o meio-campo teria pela segunda vez o argelino, Lakhdar Belloumi, o jogador mais valioso do torneio, dos Camarões, Théophile Abega, pelo artilheiro máximo do torneio, o egípcio, Taher Abouzeid, pelo nigeriano, Clement Temile, e pelos avançados do Malaui e da Argélia, Clifton Msiya e Djamel Menad, respectivamente.
Quase no fim da década de 80, em 1986, a 15.º acabaria a ser disputada no Egipto pela terceira vez.
O modelo do torneio não teria qualquer alteração, os participantes seriam a Argélia, os Camarões, a Costa do Marfim, Marrocos e o Senegal, regressados, depois de não terem estado na edição anterior, o Egipto como anfitrião, e o estreante, Moçambique.
No grupo A, o Egipto, o Senegal e a Costa do Marfim totalizariam ambos quatro pontos, mas a diferença de golos seria crucial para que os Faraós e os Elefantes seguissem em frente em vez dos Leões de Teranga.
O Senegal venceria por 1-0 ao Egipto, porém perderia 0-1 com a Costa do Marfim, por sua vez, o Egipto teria um triunfo por 2-0 sobre os marfinenses, a derrota com o Senegal e outra vitória por 2-0 sobre Moçambique, por fim, os Elefantes ganhariam 3-0 aos Mambas, teriam a derrota frente aos Faraós e o triunfo diante do Senegal pela margem mínima.
No grupo B, os Camarões acabariam com cinco pontos, enquanto Marrocos ficaria com quatro pontos.
Nas meias-finais, o Egipto eliminaria o conjunto marroquino por 1-0, enquanto os campeões, Camarões, carimbariam o passaporte para final com um triunfo pela margem mínima sobre a Costa do Marfim.
No jogo pelo terceiro lugar, os marfinenses ganhariam por 3-2 contra Marrocos.
Na final, os homens da casa alcançariam o terceiro troféu da história com um triunfo por 5-4 nas grande penalidades frente aos Camarões, depois de um empate a 0-0 no tempo regulamentar.
O artilheiro máximo da competição e respectivo melhor jogador seria um nome que dispensa apresentações da grande maioria dos adeptos do futebol mundial, Roger Milla, que acabaria com quatro golos marcados.
A equipa do CAN contaria com o guardião camaronês na baliza, Thomas N’kono, pela segunda vez entre os eleitos, com uma defesa composta pelo compatriota, André Kana-Biyik, pelo egípcio, Ali Shehata, também repetente, pelo senegalês, Roger Mendy, pelo egípcio, Rabei Yassin, pelo médio camaronês, Emile Mbouh, pelos egípcios, Magdi Abdelghani, Moustafa Abdou e o outro repetente, Taher Abouzaid, e os avançados seriam o melhor jogador e artilheiro máximo da prova, Roger Milla e outro jogador conhecido, o zambiano, Kalusha Bwalya, que actuou no PSV, e que seria um dos sobreviventes do fatídico acidente, anos mais tarde, em 1993, pois não se encontrava a bordo do avião que ceifou 25 passageiros e 5 tripulantes, o avião transportava a selecção da Zâmbia que na altura tinha a sua geração mais promissora.
Por fim, a última edição da década de 1988, ocorreria também no Norte de África, neste caso em Marrocos, foi a 16.º, e seguiria igualmente as anteriores em termos de formato.
Este torneio teve a particularidade de ser aquele que teve menos golos marcados por média, 1.44 golos por partida, 23 ao todo.
Os participantes da competição seriam o anfitrião, Marrocos, a Argélia, os Camarões, os campeões, Egipto, os regressados, Nigéria, que não fizera parte das selecções apuradas em 1986, o Quénia, de fora desde 1972, e o Zaire, de fora desde 1976.
No grupo A, Marrocos seria líder com quatro pontos, seguido da Argélia com três.
No grupo B, a Nigéria e os Camarões terminariam com os mesmos pontos, quatro, mas o diferencial de golos seria favorável aos nigerianos que marcaram quatro golos, com uma vitória 3-0 sobre o Quénia e um empate a 1-1 com os Leões Indomáveis a ser decisivo.
Nas meias-finais, a Nigéria e a Argélia mediriam forças, um empate a 1-1 levaria a uma disputa de penáltis, com as Super Eagles a saírem por cima por 9-8.
No outro duelo, os Camarões venceriam por 1-0 sobre os anfitriões.
No jogo de terceiro lugar, a Argélia tornou a ir às grandes penalidades, desta vez após um empate a 1-1 com Marrocos, mas triunfando por 4-3.
Na final, os Leões Indomáveis alcançariam o segundo título, fazendo da Nigéria novamente o carrasco, como havia feito por 3-1, quatro anos antes na Costa do Marfim, mas agora com uma vitória pela margem mínima.
Como a competição teria muitos poucos golos, registar-se-ia um fenómeno pouco habitual com quatro jogadores a partilharem dois golos cada, e a ficarem todos com a distinção de goleadores da prova, no caso, o argelino, Lahkdar Belloumi, o camaronês, Roger Milla, o egípcio, Gamal Abdelhamid, e marfinense, Abdoulaye Traoré.
O prémio de jogador mais valioso do torneio seria para Aziz Bouderbala.
Joseph-Antoine Bell, guardião dos Camarões, tornaria a ser eleito o melhor GR do CAN, tal como em 1984 na Costa do Marfim.
Quanto à equipa do CAN, seria formada pelo melhor GR do CAN, o camaronês, Joseph-Antoine Bell, pelos defesas, seus compatriotas, Emmanuel Kundé e Stephen Tataw, o zairense, John Buana e o marroquino, Tijani El Maatoui. Já o meio-campo seria composto pelos camaroneses, Emile Mbouh e Paul Mfede, pelo nigeriano, Henry Nwosu e pelo zairense, Jacques Kinkomba Kingambo, os avançados seriam o melhor jogador do torneio, Aziz Bouderbala, e o repetente Roger Milla.