Aliou Cissé conduz Senegal à terra prometida, Mendy e Mané decisivos nos penáltis

Não seria a noite do Egipto alcançar o oitavo título, nem de Carlos Queiroz fazer história como o único português a fazê-lo (ele que não estava no banco por ter sido expulso no encontro anterior). Pelo contrário, esta seria a vez dos Leões de Teranga quebrarem o enguiço, e erguerem pela primeira vez o troféu do CAN, coroando-se os reis do futebol africano, após triunfarem nas grandes penalidades frente aos Faraós.

O destino quis que depois de uma final perdida, em 2019, para a Argélia, os senegaleses pudessem enfrentar outra nação do norte de África na linha de meta para chegar ao desejado sonho.

Os homens de Aliou Cissé entraram cientes de que queriam reescrever o guião escrito pelas equipas passadas do seu país, mas que fracassaram, tendo estado tão perto de triunfar o título.

O próprio seleccionador é um dos nomes ligados a uma das memórias mais duras de recordar, tendo capitaneado o Senegal na final do CAN, em 2002, e perdendo para os Camarões nos penáltis.

20 anos mais tarde, no CAN 2021, Cissé tinha aqui outra final para disputar, podendo agora nas vestes de treinador, na casa da nação com quem perdera, vencer, mais poético não podia ser.

A noite tinha tudo para ser inesquecível. E foi o que aconteceu.

Aliou Cisse celebra com a bandeira a conquista do tão desejado título do CAN frente ao Egipto Photo: Ayman Aref/dpa (Photo by Ayman Aref/picture alliance via Getty Images)

 

Do outro lado, esteve uma Muralha, um mais do que inspirado veterano de 33 anos, Gabaski, que deixara bem patente que podia perfeitamente ser o titular desta selecção, embora não o fosse.

Até então estivera de fora das contas dos anteriores seleccionadores desde que tivera a sua primeira internacionalização em 2011, chegando ao CAN com somente 2 partidas jogadas pelos egípcios.

Começando pelo duelo frente à Costa do Marfim, onde seria chamado a substituir Mohammed El Shenawy, que se lesionara na perna direita, e sendo forçado a actuar no prolongamento, brilharia nos minutos restantes e nos penáltis, defendendo o penálti de Eric Bailly, afixando o 5-4 final.

Entretanto, seguir-se-ia Marrocos, onde mostrar-se-ia novamente muito seguro, defendendo três dos quatro remates à sua guarda, onde se deve mencionar uma das possíveis melhores intervenções da competição, porém, teria de ser substituído com queixas.

Até que viriam as meias-finais frente aos camaroneses, e outra vez nos penáltis tornaria a defender mais dois remates, selando o 1-3, e atirando a selecção da casa para fora das contas do prémio máximo.

Na contenda com o Senegal, mesmo com o moral em cima, Gabaski sairia cabisbaixo, mesmo tendo sido eleito o homem da partida com oito o número total de disparos impedidos, todavia insuficientes para levarem o Egipto a superar o adversário.

Gabaski reflecte depois da derrota nos penáltis contra o Senegal. (Photo by CHARLY TRIBALLEAU / AFP) (Photo by CHARLY TRIBALLEAU/AFP via Getty Images)

 

O que contrasta com as sete defesas de Mendy no torneio, mas que lhe valeram a atribuição de melhor GR do CAN, e que para mim, ainda que se possa entender tendo em conta o facto de fazer parte da equipa vencedora, e de ter defendido um penálti, acaba por não registar melhores números do que os do veterano trintão, não desmerecendo a importância do atleta do Chelsea.

Prémio de Melhor GR do CAN para Edouard Mendy  (Photo by Haykel Hmima/Anadolu Agency via Getty Images)

 

Os Leões de Teranga foram sempre a equipa esteve mais próxima do golo, efectuando mais remates do que os Faraós, no entanto, nenhuma das equipas conseguiria ultrapassar os guarda-redes de cada lado.

E só nas grandes penalidades, é que o conjunto orientado por Aliou Cissé  pôde regozijar com o penálti convertido pelo avançado do Liverpool, Sadio Mané, e que simbolizaria o fim dos anos de espera e a tão sonhada Terra Prometida.

 

Sadio Mané converte o penálti decisivo Biya ‘Olembe’ Stadium. Photo: Ayman Aref/dpa (Photo by Ayman Aref/picture alliance via Getty Images)

 

Senegal vence o primeiro título do CAN (Photo by Haykel Hmima/Anadolu Agency via Getty Images)

 

De um ponto de vista geral, não houve equipa mais regular do que o Senegal, a consistência defensiva, a eficácia no ataque e os ajustes táticos precisos por parte do seu timoneiro foram os elementos chave para uma conquista alicerçada em peças fulcrais como Mané, a estrela da companhia, Bamba Dieng, Ismaila Sarr, o patrão da defesa, Kalidou Koulibaly, auxiliado pelo central do PSG, Abdou Diallo, não esquecendo o seu colega no meio-campo Gana Gueye, fora outros jogadores que podem ter ficado por referir.

Por essas e por outras razões, os senegaleses estão de parabéns.

 

Quanto ao Egipto, vale mencionar que não tiveram a travessia mais fácil, e provaram-se muito consistentes, com Salah, Hegazy, Zizo, Gabaski como os nomes que mais me saltaram à vista.

Além de salientar o crescimento que tiveram como grupo depois da primeira ronda, tendo ultrapassado fortes candidatos como a Costa do Marfim, os Camarões, ou até Marrocos.

Uma última linha que tem de ser escrita, e que vale menção, as participações das Ilhas Comores, da Gâmbia como estreantes e selecções sensação, bem como as exibições tremendas de jogadores como Musa Barrow, o artilheiro máximo da prova, Ex-FC Porto, Vincent Aboubakar, Moses Simon, Sofiane Boufal, Roberto Lopes, Blati Touré, William Troost-Ekong e até Chaker Alhadhur, que teve de ser GR improvisado.

 

Vincent Aboubakar arrecada o prémio de melhor marcador do CAN com oito golos (Photo by Haykel Hmima/Anadolu Agency via Getty Images)

 

Musa Barrow  (Photo by Ulrik Pedersen/NurPhoto via Getty Images)
Moses Simon (Photo by Daniel BELOUMOU OLOMO / AFP) (Photo by DANIEL BELOUMOU OLOMO/AFP via Getty Images)

 

Roberto Lopes  (Photo by Ulrik Pedersen/NurPhoto via Getty Images)

 

Sofiane Boufal Photo by CHARLY TRIBALLEAU / AFP) (Photo by CHARLY TRIBALLEAU/AFP via Getty Images)
Chaker Alhadhur (Photo by Visionhaus/Getty Images)
Blati Touré  (Photo by Ulrik Pedersen/NurPhoto via Getty Images)

 

William Troost-Ekong (Photo by Daniel BELOUMOU OLOMO / AFP) (Photo by DANIEL BELOUMOU OLOMO/AFP via Getty Images)

Agora faremos as malas para a Costa do Marfim, e no próximo ano cá estaremos para acompanhar a 34.º edição.

A todos um muito obrigado.

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