Auf wiedersehen und viel glück, Valtteri

Adeus e boa sorte Valtteri

Na Fórmula 1 a pausa de Verão serve muitas vezes para as equipas tomarem decisões quanto às suas duplas de pilotos. Para o caso específico interessa-me a situação na Mercedes. Toto Wolff e a marca de Estugarda decidiram-se, sem surpresa, pela promoção de George Russell, abdicando assim de Valtteri Bottas.

 

Antes de mais, fazendo um pequeno balanço da passagem do piloto finlandês pela Mercedes, foi o homem ideal para acompanhar Lewis Hamilton. Suficientemente rápido para ajudar a equipa a sagrar-se campeã do Mundo de construtores durante as cinco temporadas em que esteve em Brackley, mas não o suficiente para incomodar Lewis Hamilton, e dar uma de Nico Rosberg. Até ao momento regista dez vitórias na carreira, todas com a Mercedes. Ao ver aberta a porta da saída, tinha duas opções: Williams ou Alfa Romeo. A Williams foi a equipa que lhe abriu as portas da F1, está em ascensão, mas Bottas continuaria na órbita da Mercedes. Por sua vez, a Alfa Romeo está a ter uma época um pouco abaixo das expectativas, mas relembro que em 2022 entra em vigor um novo regulamento técnico que vai obrigar as equipas a partirem de uma folha em branco para a concepção dos novos carros e que pode alterar a ordem do pelotão e atirar a escuderia ítalo-helvética para a luta pelos lugares imediatamente atrás das equipas de ponta. Além disso, a equipa é dirigida por um velho conhecido do finlandês, Fred Vasseur. A Alfa Romeo procurava um piloto rápido e experiente para substituir Kimi Räikkönen e conseguiu. Para o segundo Alfa Romeo vai entrar o piloto chinês Guanyu Zhou. O jovem de 22 anos está a cumprir a sua terceira temporada na F2, sob alçada da Alpine. Com ambos os lugares na equipa principal ocupados (Fernando Alonso tem contrato até 2022 e Esteban Ocon até 2024), a porta abriu-se na Alfa Romeo. Porta essa que a escuderia de Hinwil espera ter aberto também ao gigantesco mercado chinês, sendo Zhou o primeiro piloto daquela nação a correr na Fórmula 1.

Passando agora para a Mercedes, a aposta em George Russell é boa, mas arriscada. Boa porque o piloto britânico tem muita qualidade, fez o tirocínio na Williams durante três épocas (contando com esta). Dessas três épocas as duas primeiras foram bastante difíceis, a nível desportivo e financeiro, tanto que Sir Frank Williams [que nos deixou esta semana] e a sua filha, Claire Williams, se viram forçados a vender a equipa. Esta época os resultados têm aparecido, fruto do investimento da Dorilton Capital, empresa de investimentos que comprou a equipa, e da reorganização levada a cabo por Jost Capito. Na temporada passada George Russell já mostrou toda a sua capacidade ao volante do W11, durante o Grande Prémio de Sakhir, quando foi chamado para substituir Lewis Hamilton, após o campeão ter testado positivo à COVID-19. Russell iria muito provavelmente vencer essa corrida, não fosse uma trapalhada incrível da equipa numa paragem nas boxes, misturando no carro #63 os pneus de Russell e de Bottas. Além desse erro, Russell ainda foi obrigado a outra paragem por causa de um pequeno furo. Além da qualidade, a Mercedes assegura assim a sucessão de Lewis Hamilton. E é aqui que a Mercedes poderá ter um problema. Quem segue este desporto com mais atenção, certamente se lembrará do que aconteceu na McLaren em 2007, quando Hamilton entrou na F1 e logo deu “água pela barba” a Fernando Alonso, acabado de se sagrar bicampeão mundial, e fortes dores de cabeça a Ron Dennis. George Russell tem a velocidade necessária para poder dar essas dores de cabeça a Toto Wolff e a Hamilton. Falta apenas saber se o jovem britânico vai querer lutar já pelo trono de Lewis ou se vai aceitar dois anos de subalternidade e esperar pela reforma de Hamilton. Tragam as pipocas…

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