
De desmaiar na mesa do pub a decidir o título em 48h
Quando Arséne Wenger chegou ao Arsenal em 1996, herdou de Bruce Rioch um grupo de alcoólicos. Jogadores como Tony Adams, Paul Merson, Ray Parlour e Nigel Winterburn lutaram vários anos com problemas com o álcool, chegando a ser expulsos de estágios da equipa por não estarem em condições de treinar.
O francês mudou tudo isso. Desde a alimentação às bebidas, muita coisa mudou nos hábitos dos gunners e apesar de contrariados, os jogadores obedeciam… quase sempre!
A época de 2001/02 corria de feição ao Arsenal. A 4 de Maio os gunners levantavam a FA Cup, depois de um pontapé do “meio da rua” de Ray Parlour dar a vitória frente ao Chelsea, em Cardiff.
No regresso, o mesmo Ray Parlour, pediu uma cerveja no avião, para festejar, mas foi apanhado por Arséne Wenger, que o proibiu de beber.
Parlour era um homem de ideias fixas e foi para o final do avião, onde viajava a sua família e lá pediu mais uma cerveja, mas Wenger, que sabia o que a “casa gastava” percebeu o estratagema e apareceu, dizendo ao “Pelé de Romford” que se bebesse mais um gole que fosse e ficava sem duas semanas de ordenado, explicando que dali por três dias a equipa ia a Old Trafford para o jogo decisivo da época e todos tinham de estar no topo. Parlour pousou o copo… mas não ficou convencido.
Regressados a Londres, Parlour foi ao treino e depois foi à sua cidade natal, Romford (a 14km de Londres), onde se juntou aos irmãos num pub, festejar a vitória. “Sem dar por ela”, bebeu 10 pints de Guiness (a módica quantia de cinco litros de cerveja) e desmaiou na mesa do pub… quem nunca?
No dia seguinte, foi para o treino, o último antes do jogo, dando o máximo para disfarçar a ressaca. O esforço foi recompensado e foi titular em Old Trafford dois dias depois. Fez uma exibição incrível, ganhando o prémio de Man of the Match, no jogo que praticamente deu o título ao Arsenal.
No final do jogo, Arséne Wenger procurou Ray Parlour e disse-lhe “sabes porque é que jogaste tão bem? Porque não bebeste aquela cerveja no avião.” O inglês não teve coragem de contar a verdade ao treinador, guardando a história para si durante 12 anos, até publicar a sua autobiografia.