Euro 2020: a análise ao Grupo E

No papel, espera-se uma vitória fácil para a Espanha neste Grupo E, apesar de qualquer uma das outras seleções poder surpreender. Num Grupo com o melhor marcador da Bundesliga (Robert Lewandowski), o segundo e o sexto melhores marcadores da La Liga (Gerard Moreno e Alexander Isak), a única garantia que este grupo parece dar, é de golos.

Espanha

O “mandato” de Luis Enrique à frente da seleção espanhola foi, até hoje, bastante conturbado. Menos de um ano depois de assumir o cargo, deixou-o, por razões pessoais, ficando o adjunto Robert Moreno no cargo interinamente. Um ano mais tarde, Luis Enrique anuncia a morte da filha, Xana, após 5 meses de luta contra um cancro e quando se sente restabelecido, pede para voltar, contra a vontade de Moreno, que achava que devia ser ele selecionador no Mundial de 2018, pois tinha sido ele a qualificar a Espanha para a competição. Se tivesse qualificado a seleção de Andorra, percebia-se. Tendo qualificado a Espanha, vá lá! Fez o esperado! Moreno saiu em desgraça, apelidado de traidor por um magoado Luis Enrique. Teve mais uns meses desgraçados no Mónaco e nunca mais se ouviu falar dele, merecidamente.

Luis Enrique parte para este Euro 2020 envolto em (mais uma) polémica, por optar por escolher menos dois jogadores do que o permitido e não convocar nenhum jogador do Real Madrid, deixando nomes como Sérgio Ramos, Marco Asensio, Nacho Fernandez, Isco ou Lucas Vazquez e a imprensa de Madrid em polvorosa, já a afiar as facas à espera que falhe. Ainda assim, há muito talento nesta Espanha, que não deixa de ser um dos candidatos ao título (mesmo que não um dos favoritos).

Espera-se que a Espanha jogue num 4x3x3, com a baliza a ser disputada por De Gea e Unai Simón (com os últimos jogos a darem alguma vantagem ao segundo). Na defesa, Luis Enrique tem apostado no versátil Marcos Llorente na direita (o ano passado era trinco, este ano foi segundo avançado no Atlético Madrid… porque não lateral direito?), Pau Torres e o recém-roubado à França, Aymeric Laporte no meio, com Gayá na esquerda. O meio-campo, com a confirmada ausência de Busquets após um positivo à Covid-19, deverá ser composto por Rodri, Thiago Alcantara e Fabián Ruiz, com Pedri e Koke a disputar um lugar no 11. Na frente, Ferrán Torres e Dani Olmo deverão fechar as alas, com Álvaro Morata a fechar na frente, apesar da concorrência de um Gerard Moreno.

Jogador em destaque: Gerard Moreno

Luis Enrique parece preferir Morata a titular, mas a época de Gerard Moreno foi estrondosa, marcando 30 golos e fazendo 11 assistências em 46 jogos ao serviço do Villarreal e conquistando a Liga Europa, perfilando-se como um possível joker para esta Espanha.

 

Suécia

Sem Zlatan Ibrahimovic que a contas com uma lesão, perdeu o final da época, a seleção sueca chega a este Euro 2020 com 5 vitórias consecutivas e um plantel que sem ser brilhante, tem condições para ser uma agradável surpresa. Desde que Jan Anderson chegou ao comando fez já 60 jogos e os suecos têm saldo positivo de vitórias consigo ao leme (31 vitórias).

Anderson costuma apostar num 4x4x2, que no ataque funciona como um 4x2x2x2 ou um 4x3x3, dada a versatilidade de algumas peças-chave da equipa. A baliza normalmente fica a cargo de Olsen, com uma defesa a quatro à sua frente onde Lindelof é o maior nome. No centro do meio-campo, Olsson e o veterano capitão Sebastian Larsson são habitualmente os escolhidos. Nas alas Anderson aposta em Emile Forsberg do lado esquerdo, do Leipzig, que procura bastante o jogo interior e do lado direito para fazer um movimento similar, Kulusevki, da Juventus, criando o tal 4x2x2x2. Nos jogos em que quer dar mais verticalidade e imprimir mais velocidade ao jogo da equipa, Claesson, Quaison ou até Sema podem ser opções.

Na frente de ataque é onde a Suécia é mais rica, mesmo sem Zlatan Ibrahimovic. Alexander Isak é uma das maiores esperanças do futebol sueco, tendo marcado 17 golos pela Real Sociedad esta época, tendo como possíveis companheiros o veterano Marcus Berg e o filho do lendário Henrik Larsson, Jordan, que esta época leva já 15 golos marcados pelo Spartak Moscovo.

Jogador em destaque: Dejan Kulusevski

Contratado pela Juventus ao Parma por 40 milhões de euros, Dejan Kulusevski teve uma boa época de estreia numa Vecchia Signora muito abaixo do nível normal. A sua versatilidade, permite-lhe interpretar mais do que um papel no 4x4x2 de Anderson, podendo jogar nas alas, no meio ou no ataque, oferecendo imprevisibilidade e irreverência ao jogo da Suécia.

 

Polónia

Vejo Paulo Sousa na seleção polaca como uma vaca em cima de uma árvore… não faço ideia como foi ali parar, mas agora estou curioso para ver como se safa. Até agora em cinco jogos tem três empates, uma vitória e uma derrota (contra Inglaterra). Nada que entusiasme.

Sousa já fez a sua Polónia alinhar em quatro esquemas tácticos diferentes e a verdade é que até agora não há nenhum que pareça ser O esquema desta seleção, sendo que deva optar por ir alterando conforme o adversário. Na baliza, a Polónia conta com o experiente Wojciech Szczesny, da Juventus, atrás de uma defesa sem grandes nomes em destaque (Bednarek do Southampton será  o melhor jogador). No meio-campo, Paulo Sousa conta com alguns jogadores interessantes, como Mateuzs Klich, um incansável box-to-box que vem de uma época muito interessante pelo Leeds, Karol Linetty do Torino, Grzegorz Krychowiak do Lokomotiv de Moscovo e Piotr Zielinski, que será o principal criativo da equipa.

No ataque, a Polónia tem duas baixas de peso, em Arkadiuz Milik e Krysztof Piatek, ambos por lesão, ficando as despesas de ataque quase inteiramente a cargo do avançado do Bayern de Munich, Robert Lewandowski.

Jogador em destaque: Robert Lewandowski

Quem mais?! Vindo de bater o recorde de Gerd Muller de golos numa temporada na Bundesliga, que estava em vigor há quase 50 anos, Lewandowski chega ao Euro na melhor forma da sua carreira, apesar dos 32 anos. É à data, o melhor ponta-de-lança do Mundo e um candidato sério à Bola de Ouro, caso a Polónia faça uma boa campanha.

 

Eslováquia

Stefan Tarkovic chega a este Euro à frente de uma seleção eslovaca sem grande brilho e sem grandes expectativas de sucesso. No entanto, o selecionador de 48 anos, em oito jogos realizados à frente da Eslováquia, foi apenas derrotado uma vez e apesar de não ter ainda enfrentado nenhum adversário de topo, pode ser uma boa indicação.

A Eslováquia costuma apostar num 4x2x3x1, com Martin Dubravka incontornável na baliza, apesar da época mais apagada no Newcastle. À sua frente, aquele que é provavelmente o maior nome da equipa, Milan Skrinniar, vindo de uma época de sucesso ao serviço do Inter e que terá como companheiros Satka (Lech Poznan), Pekarik (Hertha Berlin) e Hubocan (Omonia Nicosia).

No meio-campo, Marek Hamsik continua aos 33 anos a ser o maior nome desta seleção e o seu principal criativo. O agora jogador do IFK Gotemburgo, que fez uma grande carreira em Nápoles, tem como parceiros Juraj Kucka (Parma), Lobotka (Nápoles), Haraslin (Sassuolo), Bénes (Augsburg) e Ondrej Duda (Colónia). Na frente, deverá jogar Robert Bozenik, apesar da época discreta no Feyenoord (quatro golos), apesar de Duda já ter sido testado a falso nove, entrando Mak para o meio-campo.

Jogador em destaque: Milan Skrinniar

Numa seleção que vai sofrer bastante durante os jogos, o jogador do Inter será a principal referência e o líder do sector mais recuado. Aos 26 anos, Skrinniar foi um dos jogadores-chave do título da Serie A, contribuindo para fazer do Inter a equipa menos batida (35 golos), incluindo 12 jogos sem sofrer qualquer golo.

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