Euro 2020: a análise ao grupo A
Com Itália, Suiça, Turquia e País de Gales, o Grupo A parece, à primeira vista ser uma luta pelo 2º lugar atrás da Itália, mas não seria a primeira vez que a Itália ficaria para trás na fase de grupos de um Euro…
Itália
Depois de um Euro 2016 com António Conte ao leme onde apenas foram parados pela Alemanha em penalties, nos quartos-final e de um Mundial de 2018 para o qual não se qualificaram (algo que não acontecia desde 1958!) naquele que foi o suicídio futebolístico do selecionador Gian Piero Ventura, Itália volta a uma grande competição, com uma seleção renovada.
Agora com Roberto Mancini nos comandos, a seleção repleta de novos talentos como Alessandro Bastoni e Federico Chiesa, aos quais se juntam os experientes Bonnuci e Chiellini promete ser o principal candidato ao primeiro lugar do Grupo A e apesar de não ser um dos favoritos à vitória final, é com certeza uma seleção a ter em conta.
Mancini deverá apostar num 4x3x3, que tem sido uma das suas imagens de marca na seleção, com um meio-campo fortíssimo com Jorginho, Locatelli e Barella, um dos melhores pontas-de-lança da Série A (Ciro Immobile) e dois extremos fortes no jogo interior (Chiesa e Insigne, com Berardi a espreitar o lugar). A maior fraqueza da Squadra Azzurra deverá ser a defesa, onde apesar de várias opções para o centro (Chiellini, Bonnuci, Acerbi, Bastoni, Izzo, etc) há uma falta gritante de bons laterais (Spinazzola e Florenzi deverão ser os escolhidos, à falta de melhor). Digamos assim: Manafá, provavelmente, seria convocado… pensem nisso!
Jogador em destaque: Nicolló Barella
Que época de Barella no Inter. O médio italiano é provavelmente o jogador mais influente na equipa do Inter, sendo fundamental na transição entre a defesa e o ataque. Marcou 3 golos na Série A e fez 7 assistências e promete ser o maestro da seleção italiana neste Euro.
Turquia
Orientada por Senol Gunes, que em 2002 levou a seleção a um terceiro lugar do Mundial da Coreia do Sul e Japão, a Turquia parece mais uma vez ser candidata a um terceiro lugar numa grande competição, mas desta vez é só do grupo.
Com o futebol turco em crise, os melhores jogadores da seleção militam quase todos em clubes estrangeiros, como Burak Yilmaz, Yazici e Çelik no Lille, Soyuncu no Leicester, Kabak no Liverpool e Çalhanoglu no Milan. As principais excepções a esta regra serão o promissor guarda-redes Ugurcan Çakir (que pertence ao Trabzonspor, apesar de estar a ser seguido por clubes como o Dortmund e o Inter) e o avançado Cenk Tosun, melhor marcador da seleção na fase de qualificação, recém-regressado ao Besiktas após uma passagem por Inglaterra que deixou tantas saudades como o jingle do Pingo Doce. (“venha ao Pingo Doce de Janeiro a Janeiro…” ficou na cabeça? Peço desculpa!)
Prevê-se que a Turquia jogue num 4x2x3x1, sem grandes complexidades tácticas. Linhas juntas, futebol apoiado e muita fé nas bolas paradas e lançamentos longos de Çalhanoglu ou na criatividade de Yazici para alimentar o experiente Burak Yilmaz, vindo de uma grande época ao serviço do Lille.
Jogador em destaque: Burak Yilmaz,
O próprio. Quando todos o consideravam acabado, um Burak Yilmaz de 35 anos faz 16 golos e 5 assistências na Ligue 1, ao serviço do campeão nacional. Experiente, matreiro e muito envolvido no jogo, Burak Yilmaz será uma dor de cabeça para as defesas, especialmente as menos experientes como a Suiça e a galesa.
País de Gales
A caminho da sua segunda participação num Europeu, depois de uma estreia que apenas terminou na meia-final… as espectativas dos mais desatentos para o País de Gales podem ser altas, mas… começando pelo selecionador, Ryan Giggs, que tirou umas férias de copular com a mulher do irmão (sim… ele foi para a cama com a mulher do irmão, mais do que uma vez) para orientar a seleção, mas entretanto foi impedido de o fazer por aguardar julgamento por violência doméstica… um amor de pessoa. No seu lugar ficou Robert Page… quem? Pois…
Podemos depois passar para as estrelas da seleção: Gareth Bale, que apesar de uma média de golos por minuto surpreendente ao serviço do Tottenham, tem a regularidade de um comboio da linha de Sintra e Aaron Ramsey, que desde que chegou à Juventus abandonou a sua maldição de “matar” uma celebridade sempre que marca um golo, porque deixou de marcar.
Há muito talento nesta equipa, com David Brooks, Harry Wilson, Ethan Ampadu e Daniel James a prometerem bastante no futuro, mas para já, deve ser um quarto lugar. Giggs e Page têm optado, preferencialmente, por um 3x4x3, com 3 centrais na linha defesa e um quarto a fechar o meio-campo. À falta de um ponta-de-lança, a linha da frente é móvel e rápida, com Bale, James e Brooks/Wilson a aparecerem à vez em zonas de finalização.
Jogador em destaque: Gareth Bale
Acaba por ser inevitável escolher Bale. Naquela que foi uma época abaixo das expectativas, Gareth Bale marcou 11 golos em 20 jogos na Premier League (apenas 10 dos quais a titular), numa média de um golo a cada 89 minutos. Se se mantiver em forma, Gareth Bale vai ser a melhor esperança dos galeses de ultrapassar a fase de grupos.
Suiça
Da terra do queijo, do chocolate e do ouro nazi, chega uma seleção que apesar de discreta, tem potencial para ser uma das surpresas deste Europeu. Sem nenhuma estrela evidente, a seleção Suiça só tem cinco jogadores a jogar fora das ligas top-5 (Seferovic em Portugal, Gavranovic na Croácia, Widmer, Comert e Omeragic na Liga Suiça).
Apostando ultimamente num 3x4x3 ou num 3x5x2, o selecionador Vladimir Petkovic (não vou fingir que o conhecia antes de ser selecionar, porque tirando a mãe dele, pouca gente conhecia, mas a verdade é que desde que é selecionador, nunca a Suiça falhou a qualificação para uma grande prova) tem em Xhaka, Freuler e Zakaria um centro forte e capaz de fazer frente a muitas seleções “melhores”, à frente de uma defesa com Elvedi, Akanji e provavelmente Schar. Na frente, Haris Seferovic e/ou Breel Embolo serão as referências.
Jogador de referência: Denis Zakaria
Cansa vê-lo correr, mas Denis Zakaria é muito mais do que um trinco que se farta de correr. Tem uma leitura de jogo impressionante e uma capacidade de passe e de construção muito acima do que seria de esperar de um médio defensivo. Zakaria é já um caso sério na Bundesliga e provavelmente vamos ouvir falar muito dele nos próximos anos.