Ex-Buccaneer, Matt Gay coloca Rams no NFC Championship em jogo de loucos frente a Tampa Bay
Começo por dizer, que este fim de semana de playoffs foi dos eventos desportivos mais incríveis que assisti nos últimos tempos.
Tivemos um pouco de tudo.
Grandes jogos, excelentes performances individuais, confirmação de futuras superestrelas e finais de partidas dignas de uma película de Alfred Hitchcock, em que os kickers em cima da buzina decidiram os divisionais.
Até o mais isento dos adeptos ficou com o coração nas mãos, dado o desenrolar dos acontecimentos.
O jogo que iremos abordar a seguir, disputado no Raymond James Stadium entra directamente para a categoria “instant classic”.
Pela segunda vez, esta temporada, os Tampa Bay Buccaneers foram vergados pelos Los Angeles Rams, por 30-27, pondo assim um ponto final nas aspirações de revalidação do título por parte da turma da Flórida.
Um encontro com muitos nervos e emoção à mistura, em que os Bucs estiveram a ‘um bocadinho assim’ de conseguir engendrar uma remontada épica, já que a meio do terceiro período se encontravam em desvantagem no marcador por 27-3.
No primeiro período, após duas boas corridas de Fournette, o ataque até parecia prometedor, mas quando chegou a hora de utilizar o jogo aéreo a coisa piorou.
Tom Brady terminou o primeiro quarto com apenas três passes conectados, mostrando desde logo um grande desconforto com o pass rush adversário.
Von Miller e Aaron Donald foram uma constante na cara do velhote.
Os Bucs nesse período não converteram nenhuma das três tentativas em 3rd down.
Já os Rams e Matthew Stafford entraram a todo o gás.
Depois de um primeiro drive em que tiveram de se contentar com um field goal, arrancaram para duas séries em que só descansaram quando alcançaram o desejado touchdown.
Primeiro, um passe de 7 jardas para o tight end Kandall Blanton e o segundo uma espetacular bujarda de 70 jardas que encontrou um Cooper Kupp completamente isolado, consumando 6 pontos fáceis.
Lance ainda marcado por uma conduta desportiva imprópria de Lavonte David que após a jogada arremessou o capacete ao chão, valendo 15 jardas de penalização à sua equipa.
Antes disso, Suh também foi castigado por conduta imprópria, após uma troca de argumentos mais calorosa com Stafford!
A defesa dos Buccaneers estava completamente perdida com os nervos à flor da pele!
E assim, de repente, a formação de LA no início do segundo período vencia por 17-3.
O segundo quarto para os Bucs basicamente foi um deserto.
Duas passagens rapidíssimas em campo( um punt e uma intercepção lançada por Brady, recolhida por Nick Scott) e um field goal de 48 jardas não convertido pelo meio.
Os Rams converteram um field goal de 40 jardas, e logo após a intercepção de Scott, poderiam ter feito o set, game e match se Cam Akers não tivesse cometido um fumble na goal line ofensiva (fumble forçado e recuperado por Winfield.Jr).
Resultado: LA 20 – TB 3
A formação de Sean McVay, por esta altura, está em modo de controlo total, marcando outro touchdown, num quarterback sneak, colocando o score em 27-3, parecia que o desafio tinha sido posto fora de alcance para os homens de Bruce Arians.
Os Buccaneers a muito custo lá conseguiram marcar um field goal de 31 jardas (27-6), e após mais um mau kickoff de Bradley Pinion…
A faltar 3 min e 02 segundos para o final do terceiro período…
Matthew Stafford efetua um passe na direcção de Kupp e, sem nada o fazer prever, comete um fumble (forçado por Jamel Dean e recuperado por Murphy Bunting)
Logo no momento seguinte, Fournette marca um touchdown de corrida de uma jarda colocando o marcador em 27-13, ou seja 2 touchdowns de diferença à entrada do quarto período.
Depois de um punt de LA, é a vez de Tom Brady cometer um fumble, jogada impressionante de Von Miller.
Depois de, facilmente, ganhar o duelo a Donovan Smith efetua um strip sack fumble a TB12, ainda tendo tempo de recuperar a bola.
Logo de seguida, um mau snap do linha ofensivo (Allen) dos forasteiros, obriga Stafford a dar corda aos sapatos ainda assim perdendo a corrida para JPP, recuperando assim novamente a posse de bola.
Terceiro fumble perdido pelos forasteiros.
Foram minutos frenéticos de toma lá, dá cá!
Tempo restante: 3 minutos e 56 segundos, quarto período.
Este é o momento do ou vai ou… vai para os Buccaneers!
Em apenas três jogadas do quarto drive ofensivo do quarto período dos Bucs, Brady lança uma bomba de 55 jardas em direcção de Mike Evans(deixando Jalen Ramsey nas lonas) que resulta num Touchdown (mais o extra point), reduzindo distâncias.
LA 27 – TB 20
Com sensivelmente 3minutos no relógio, e como não há duas sem três, ou melhor, não há três sem quatro, e Cam Akers comete o quarto fumble da turma de LA(forçado por Suh e recuperado por Lavonte David), oferecendo a bola de bandeja ao… Comeback Kid (se calhar não tão kid quanto isso).
Como seria de esperar, Brady e o restante ataque não vacilaram, empatando o jogo a 27 (corrida de 7 jardas de Fournette).
O ataque dos Rams tinha cerca de 40 segundos para colocar o seu kicker na linha de tiro, e não perderam tempo para tal.
Nas duas últimas jogadas Stafford lançou a bola em direcção de Kupp para um total de… 64 jardas!!!
Matt Gay (ex-Buc) não tremeu e finalizou o encontro com um field goal de 30 jardas!
OS PROTAGONISTAS
TOM BRADY (30/54, 329 jardas, 1TD, 1INT)
Partida agridoce para o veterano quarterback.
Muita dificuldade em jogar sob pressão intensa, ineficiência geral principalmente em situações de 3rd downs (3/14), e assistimos à primeira falta por conduta desportiva imprópria cometida por Brady na sua carreira, apesar do hit tardio de Von Miller.
Um dos poucos lances de registo na primeira parte foi o espetacular passe lançado para Leonard Fournette, num 2n17!
Na segunda parte mesmo sem deslumbrar, não hesitou em momentos delicados.
A bomba (TD) lançada em direcção de Mike Evans, e o passe numa situação de 3n10 para Cameron Brate, numa altura de vida ou morte são bons exemplos.
Brady desde que veste as cores de Tampa Bay, ainda não conheceu o sabor da vitória frente aos Rams(0V e 3D)!
Matthew Stafford (28/38, 366 jardas, 2td, 0int) efetuou uma partida fantástica.
A sua colocação de bola downfield é maravilhosa, mas a cereja no topo do bolo (sem ser as bojardas finais) foi aquele espetacular side arm pass para Beckham jr, algures no terceiro período.
Como é que um jogador deste nível esteve tantos anos perdido em Detroit?
Odell Beckham Jr, não se deu bem com os ares de Cleveland, mas em LA parece um peixe na água.
Muito importante nas manobras ofensivas iniciais da equipa sendo algo requisitado pelo seu quarterback.
Aquela recepção a meio do terceiro quarto, em que faz uso do seu equilíbrio na side line foi qualquer coisa!
Quanto a Von Miller, com cardio fora do normal destruiu Donovan Smith e tudo mais o que lhe apareceu pela frente!
Coloquei estes três jogadores no mesmo saco, porque foram adquiridos exatamente para isto!
Exibir toda a sua qualidade nesta fase da temporada, em que a chapa está quente!
LEONARD FOURNETTE (13 tentativas corrida para 51 jardas, 2 TD’s, 9 recepções para 56 jardas)
Em boa hora regressou da lesão.
Quer no jogo terrestre quer em raids aéreos, a sua importância na manobra ofensiva dos Bucs é por demais evidente.
É sem dúvida um dos melhores amigos de Brady!
AARON DONALD (5 placagens totais, 1sack, 2 placagens para perda de jardas, 1 passe defendido, 3 qb hits)
Donald é a força mais disruptiva da liga, e ao ver este encontro se percebe o porquê.
Não deu descanso um minuto de descanso a Brady. Seja no um para um seja a sofrer double teams, seja no centro ou seja na edge da defesa, o ex- Pitt não teve contemplações com ofensive line contrária!
Exibição impressionante!
TRINCHEIRAS
Tarde/noite muito complicada para a linha ofensiva de Tampa.
Os homens de Raheem Morris pareciam um comboio sem travões, não houve parede que os fizesse abrandar.
Donovan Smith foi o jogadores que mais sofreu com as investidas contrárias!
A ausência de Tristan Wirfs fez-se sentir e de que maneira.
Do outro lado o tackle Joe Noteboom, fez esquecer Andrew Withworth, com uma jogatana.
Toda a linha ofensiva de Los Angeles, a maior parte do tempo controlou o ímpeto da defesa adversária com mestria.
SEAN MCVAY
Foram três períodos e meio de puro controlo de operações, e a partir desse ponto, quase assistimos a um meltdown monumental!
A equipa adormeceu de tal maneira, que na parte final acabou com o credo na boca.
Não sou um expert em play calling, mas eu acho que Mcvay deveria e poderia ter optado por um estilo um pouco mais agressivo durante esse período.
É certo que os fumbles também não ajudaram, ainda assim pôs-se a jeito!
TODD BOWLES
Toda a unidade defensiva de Tampa foi uma lástima na primeira parte!
Falta de comunicação, jogadores experientes de cabeça perdida, o resultado pesado, foram a receita para o desastre inicial. Aliás, o resultado na primeira meia hora, até acaba por ser lisonjeiro!
No segundo tempo, tudo mudou.
A defesa de Bowles entrou decidida em campo, e efetuaram big plays atrás de big plays, oferecendo ao seu ataque todas as hipóteses possíveis e imaginárias, para entrar em jogo.
Acusei McVay de utilizar a dado período um estilo de jogo conservador, neste caso acuso o coordenador defensivo de TB do oposto.
Sabendo da habilidade de Stafford em navegar nas situações de blitz, pareceu ser algo imprudente na última jogada da noite a chamada de Bowles em enviar pressão defensiva extra, estendendo desse modo a passadeira vermelha para o melhor wide receiver da atualidade.
Gosto de pessoas com convicções, e que as defendam com unhas e dentes, mas também gosto de bom senso.
No próximo domingo os Los Angeles Rams defrontam os San Francisco 49ers no SoFi stadium, duelo a contar para o NFC Championship game.