O treino em que Henry, Bergkamp e Wenger acabaram na fisioterapia

Estávamos em 2002 e o Arsenal de Arséne Wenger recebia para testes um jovem costa-marfinense, de 21 anos, oriundo do Mimosas FC.

Habituado a jogar a extremo, Wenger viu na estampa física do jovem uma grande vantagem para posições mais recuadas no campo e colocou-o inicialmente e médio defensivo no treino. Conta Ray Parlour que o primeiro treino do jovem foi impressionante pela vontade demonstrada, mas foi na peladinha que ia deitando tudo a perder.

Poucos minutos depois de começar, o jovem teve uma entrada duríssima sobre Thierry Henry, a pés juntos por trás, fazendo com que o francês saísse mais cedo do campo. Horrorizado, Arséne Wenger, gritou-lhe que se acalmasse, mas, o jovem cheio de ganas e pouco à vontade com o inglês, não pareceu compreender.

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Minutos depois, tem uma bola dividida com Dennis Bergkamp, com o mesmo final. O plantel estava em choque. Em menos de nada, as duas estrelas da equipa estavam a sair em braços do treino, graças à impetuosidade do jovem, murmurando que alguém o devia ter enviado para dar cabo do Arsenal. Wenger avisou-o que não podia tentar mais desarmes.

Segundo Ray Parlour, Arséne Wenger costumava estar nos treinos, no meio do relvado, para corrigir os movimentos dos seus jogadores. Numa jogada junto de uma das áreas há um corte em balão e a bola vai até ao meio-campo, aterrando junto dos pés do técnico francês. O jovem, vindo de olhos postos na bola, vê uns pés junto desta e faz uma entrada a pés juntos para a recuperar, deixando um Arséne Wenger a contorcer-se de dores e a ter de ser levado à enfermaria e o jovem em lágrimas no campo de treino, após achar que tinha arruinado a sua oportunidade.

Já com gelo no tornozelo inchado, o fisioterapeuta Gary Lewin e alguns elementos do plantel tentaram desculpar o jovem, pedindo a Wenger que não o dispensasse já. Ao que Wenger respondeu: “Dispensá-lo? Gosto da vontade dele. Vai assinar amanhã.”

Assim foi. Esse jovem, acabaria por passar 7 anos no Arsenal, primeiro como médio defensivo, depois como lateral, acabando por se fixar no centro da defesa, onde se tornou, dois anos mais tarde, uma peça essencial dos “Invincibles” que conquistariam o título inglês sem derrotas. O seu nome? Kolo Touré, o “Fábio Cannavaro africano”.

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