Sobre Rodas: Alex Vieira, o desconhecido

O apelido Vieira tem estado na berra nas últimas semanas, não pelos melhores motivos. Deixamos Moscavide, berraria e CMTV de lado para nos focarmos num herói Vieira de duas rodas: Alex, o campeoníssimo piloto português de endurance e superbikes. Ninguém ganhou mais do que ele no final da década de 80.

Um ilustre desconhecido que só roubou… vitórias à concorrência!

 

Quem, como eu, come Eurosport ao pequeno-almoço, sabe que há vida para além do MotoGP. Quem, como tu, tem carta de mota a sério, guiou motas de verdade e acompanha regularmente os campeonatos mundiais (europeus e americanos) de resistência, deve provavelmente ter ouvido falar deste indivíduo…

 

EMIGRANTES, OS PRIMEIROS DAS COISAS… IMPORTANTES

Sobre Alex não existe muita informação. A maior parte dela está em francês, povo que o reconhece (bem mais do que nós) como uma lenda viva do motociclismo. Afinal, ganhar corridas do MotoGP é giro e pode dar manchetes.

Mas ganhar provas de resistência consecutivas?

Varrer autenticamente as corridas, com vários segundos de vantagem?

“Perguntem ao Alex que ele sabe.”

E perguntem a alguém na rua com mais de 50 anos… ficam-se por Joaquim Agostinho (também duas rodas), que não era “tecnicamente prodigioso, mas era um poço de forças.”

Talvez.

Alex continua a ser uma nota de rodapé na nossa caderneta de mestres dos motores e contracurvas.

 

QUEM É O GAJO?

É só o piloto com mais vitórias em Le Mans!

Entre 1985 e 1996, Vieira ganhou tudo o que havia para ganhar em resistência e em superbikes. Pilotou para a Honda entre 85 e 91, teve uma passagem pela Kawasaki entre 92 e 93 e regressou à Honda em 1994, onde viria a competir até 1996.

 

 

O QUE GANHOU O GAJO?

Talvez este site vos agrade explorar.

Alex Vieira ganhou seis vezes as 24 Horas de Le Mans e cinco vezes o Bol D’or. Tricampeão de endurance da FIM, tricampeão do campeonato francês de superbikes.

Tal como alguém que falava português embora sentado em quatro rodas, Alex corria para uma marca pujante, vencedora, a Honda. Numa primeira fase, correu numa RC30 (88-90), passando depois para a RC45 em 1994.

Dizer que com a RC30 Alex Vieira só ficou fora do top 10 por três vezes (!), desistindo duas vezes e arrancando cinco pódios, entre os quais se destaca uma vitória em Osterreichring.

Com a RC45, os tempos foram mais complicados: nunca pontuou e o melhor que fez foi 11º em Hockenheim.

 

ALEX KAWA… BUNGA

Bem rodado, com vitórias no bolso e competência para acelerar e vencer, Alex teve uma passagem algo infeliz pela Kawasaki, no Mundial de SBK de 1994. Venceu várias provas ditas ‘oficiais’ para a marca, só que no Mundial não se deu bem, sendo convocado para correr em Magny-Cours para depois lhe tirarem o tapete (não chegou a correr), estendendo-lhe por perdão e cortesia o colchão do Autódromo do Estoril. Vieira desistiu da corrida com problemas.

 

ALEX VIEIRA, CV

Se Alex tivesse um LinkedIn, ele rezaria mais ou menos assim:

1985 – 2º lugar nas 24 Horas de Liége, Vitória na Bol d’Or

1986 – 2º lugar nas 24 Horas de Le Mans, idem 24 Horas de Liége, 1000kms de Hockenheim e 1000kms de Jérez

1987 – Campeão Francês de SBK, 3º lugar nas 24 Horas de Le Mans

1988 – Vitória nas 24 Horas de Le Mans, Vitória na Bol d’Or, 2º Lugar nas 24 Horas de Liége, vice-campeão Francês de SBK

1989 – Campeão Francês de SBK, Vitória na FIM Endurance, Vitória nas 24 Horas de Le Mans, Vitória nas 24 Horas de Liége, Vitória nas 8 Horas de Suzuka, Vitória na Bol d’Or e Campeão Mundial de SBK em Autriche

1990 – Vitória na FIM Endurance, Vitória nas 24 Horas de Le Mans, Vitória na Bol d’Or e 3º nas 8 Horas de Suzuka

 

Está bom, ou querem mais?

Também servimos, por exemplo uma vitória nas 8 Horas da Malásia. Mais uma vitória em Le Mans, em 1995.

Dando um salto em frente, em 2000 foi team manager da Honda France, obtendo a vitória nas 24 Horas de Le Mans.

Em 2009, team manager da Michelin Power Research Team, conquistando o 2º lugar no Bol d’Or.

 

BEM CURIOSO…

Que a wikipédia lhe bote uma bandeirinha francesa, quando Alex Vieira é um filho emprestado!

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Fonte/agradecimentos:

motonliners.pt

Blogue ogatoquecomelinguas