Um conto de duas cidades, versão século XXI

Esta época a ronda de Wild Card trouxe-nos um confronto histórico entre Dallas Cowboys e San Francisco 49ers. Apesar de larga história entre ambas as franquias, já não se encontravam nos playoffs desde a temporada de 1994, nesse ano com vitória dos 49ers por 38-28.

Foi, à época, a terceira final da NFC consecutiva entre Dallas e San Francisco e os 49ers acabaram por vencer o Super Bowl nesse ano.

O jogo deste ano acabou por ser extremamente emotivo, disputado literalmente até ao último segundo.

Começando pelo fim, os Cowboys com posse de bola nas 41 jardas de San Francisco, sem descontos de tempo e com apenas 14 segundos no cronómetro, optaram por um QB draw, uma jogada que põe a bola nas mãos do quarterback para correr com ela. Prescott assim fez, ganhou 17 jardas, mas devia ter parado a corrida mais cedo. Assim, já não houve tempo para alinhar toda a gente e fazer o snap a tempo, uma vez que as regras determinam que tem que ser um dos árbitros a colocar a bola no local onde irá começar a próxima jogada. Resultado, os Cowboys ficaram sem tempo e acabaram a temporada aqui.

Verdade seja dita, os Cowboys só se podem culpar a si próprios pela derrota.

Entraram mal no embate, só conseguiram um primeiro down quando faltavam cerca de 4 minutos para acabar o 1º período e já perdiam por 13-0 quando entraram no marcador. Ao intervalo o resultado era 16-7 e San Francisco tinha quase o dobro da produção ofensiva (203 jardas ganhas na primeira parte, contra 110 dos Cowboys).

Na 2ª parte Dallas teve a posse de bola primeiro, mas não conseguiu nada dessa primeira posse de bola, apesar de ter beneficiado de um roughing the kicker para prolongar esse drive. No entanto duas faltas por false start e um sack fizeram a equipa passar de um 3º and 4 jardas passar para um 3º and 20.

A drive seguinte dos 49ers resultou no primeiro punt da equipa visitante, quando faltavam 7:44 para acabar o 3º período. No entanto logo de seguida K’Waun Williams interceptou Dak Prescott pela única vez no jogo e na jogada seguinte Deebo Samuel com uma bela corrida colocou 23-7 no marcador, um resultado que deveria ter sentenciado a partida.

Mas sempre que jogue Jimmy Garoppolo nos playoffs, o jogo não acaba sem o 10 de San Fran lançar uma intercepção e isso aconteceu em Arlington também. Essa intercepção foi aproveitada pelos Cowboys para estabelecer o marcador final de 23-17.

Já nos minutos finais e antes da sequência anteriormente descrita, os 49ers podiam ter terminado o jogo, mas uma penalidade por false start a Trent Williams eliminou um sneak de Jimmy G que permitiria aos 49ers deixarem correr os últimos segundos. As penalidades foram outro destaque deste jogo, com 23 penalidades ao todo, sendo que Dallas cometeu 14, igualando o seu recorde de pós-temporada. A falta de disciplina acabou por ser uma constante na temporada dos Cowboys e num jogo a eliminar isso saiu caro.

San Francisco segue agora para a ronda Divisional, com viagem marcada até Green Bay, esperando por boas notícias quanto à recuperação de Nick Bosa, que saiu do jogo devido a uma concussão e de Fred Warner, lesionado no tornozelo. O encaixe com a equipa dos Packers parece ser bom para San Francisco, mas Jimmy Garoppolo vai ter que elevar o seu índice de performance.

A tarde/noite no Texas acabou por evidenciar a razão pela qual os 49ers escolheram Trey lance no último draft. A inconsistência no jogo de Garoppolo podia ter saído cara aos 49ers num encontro que deviam ter ganho com maior tranquilidade. Dallas acaba por aqui uma jornada prometedora que, no entanto, acaba como tantas outras em Jerry Land, com desapontamento.

Bola do Jogo – a minha bola do jogo vai para Deebo Samuel, o “faz-tudo” do ataque dos 49ers. Samuel acabou com 72 jardas e um touchdown em corrida e mais 38 jardas em recepção. Samuel é a grande arma dos 49ers actualmente, permitindo a Kyle Shanahan exprimir toda a sua criatividade, sendo através de jet sweeps, reverses ou end arounds, com Samuel a sair embalado do backfield e sendo extremamente difícil de parar.