A incrível história da família Schmeichel

Se vos dissesse que esta história envolve espionagem, a Guerra Fria e um amor proibido além-fronteiras, entre duas facções em guerra, dificilmente perceberiam que o seu protagonista seria Peter Schmeichel, o gigante dinamarquês que defendeu as redes da seleção campeã no Euro ’92, do Manchester United de Alex Ferguson ou do Sporting que reconquistou o título 18 anos depois, em 99/00, que ganhou quase o estatuto de Super-herói nas equipas. Ora, como qualquer Super-herói, Schmeichel tem de ter uma boa história de origem.

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Segundo a biografia de Peter Schmeichel, Tolek e Inger conheceram-se a bordo de um cruzeiro, ele um músico de jazz polaco, ela uma enfermeira dinamarquesa. Casaram-se, mas quando estalou a Guerra Fria e foram obrigados a ficar cada um em seu país. Desesperado para estar com a sua esposa, Tolek percebeu que tinha apenas uma opção para sair da Polónia sem se tornar um homem procurado na sua terra natal, o que acarretaria provavelmente riscos para a sua família.

Só havia uma forma de sair do país… colaborar com os Serviços Secretos da Polónia Soviética e foi exactamente isso que Tolek fez: voluntariou-se para se tornar espião. Fez formação em Varsóvia, onde foi treinado para trabalhar sob disfarce e recolher informação num país estrangeiro. Foi-lhe dada uma rede de contactos e foi colocado em Copenhaga em 1961.

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Mas Tolek não queria viver uma vida dupla, pouco tempo depois entregou-se às autoridades dinamarquesas, para explicar a sua situação. Foi preso e apenas libertado mediante uma condição: tornar-se um agente duplo. Até ao final da Guerra Fria, Tolek Schmeichel entregou informações falsas ou previamente trabalhadas pelos serviços secretos dinamarqueses, aos serviços secretos polacos. Peter nasce dois anos depois, em 63, na cidade de Gladsaxe.

Talvez pela pressão desta vida dupla, Tolek desenvolveu uma grande dependência com álcool, que levou a que o filho Peter tirasse a mãe de casa e, já em Cascais, nos anos de leão ao peito, fechasse a porta de casa na cara do pai, dizendo que se não se tratasse, podia sair das suas vidas. Tolek voltou para a Dinamarca para fazer tratamento, acabando por se curar e viver mais 20 anos e falecer aos 86.

Para a história fica um homem, que por amor, se tornou um interveniente naquele que foi um dos períodos mais tensos da história da humanidade, pai e avô de dois dos melhores guarda-redes da história da Dinamarca.

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