Euro 2020: a análise ao grupo C

Longe de ser o grupo mais interessante deste Euro, o Grupo C vê uma Holanda (que agora são Países Baixos) partir em clara vantagem para o primeiro lugar, mas desengane-se quem julga que Áustria, Ucrânia e Macedónia do Norte não podem ser um bom desafio para os holand… países-baixenses? É? Para os homens de laranja!

Holanda (que agora são Países Baixos)

A seleção das camisolas laranja vem para este Euro com uma seleção jovem e renovada. Depois de um bem-sucedido Mundial de 2014, onde conquistaram o terceiro lugar, a Holanda fez uma travessia do deserto, não se qualificando para o Euro 2016, nem para o Mundial 2018, num duro processo de renovação da equipa.

Apesar de ainda não estar consolidada e de ser uma equipa muito jovem, a Holanda volta a ter uma seleção entusiasmante, com vários jogadores talentosos a entusiasmar os adeptos. Tudo parecia ir bem, até o selecionador Ronald Koeman abandonar a seleção e entregar as rédeas a Frank De Boer que em 11 jogos tem apenas 5 vitórias e até o irmão gémeo já criticou a sua abordagem e ter introduzido a dois jogos do torneio uma nova táctica, o 3x5x2, ao invés do 4x3x3 que tinha vindo a usar.

A baliza é o sector mais preocupante desta seleção, tendo os 3 selecionados mais de 30 anos e nenhum deles é particularmente entusiasmante (Krul, Stekelenburg e Bizot). Na defesa, jogadores experientes como Stefan De Vrij e Daley Blind juntam-se a jovens entusiasmantes como Owen Wijndal e Mathijs de Ligt. O meio-campo reúne vários jogadores talentosos como Georgino Wijnaldum, Frenkie de Jong, Theun Koopmeiners ou até Donny Van de Beek. Na frente, Memphis Depay, Donyell Mallen deverão ser a dupla escolhida, ambos jogadores rápidos e imprevisíveis, com o possante Weghorst à espreita, quando a situação exigir um pouco mais de músculo na área.

Jogador em destaque: Memphis Depay

Podia ter escolhido Frenkie de Jong que fez uma época a grande nível no Barcelona, mas Memphis Depay é, aos 27 anos, a principal referência desta equipa. Vindo de uma época impressionante a falso 9 no Lyon, onde marcou 20 golos e fez 12 assistências em 37 jogos na Ligue 1, o avançado promete ser uma dor de cabeça constante para os adversários dos holandeses.

 

Áustria

Um dos principais atrativos da Áustria vai ser ver os comentadores da RTP contornarem o nome do selecionador para não dizerem Franco Foda em horário nobre. O outro é a qualidade do plantel que a Áustria apresenta e ninguém tinha dado por ela!

Dos 26 selecionados por Foda (risinho infantil) apenas cinco não jogam na Bundesliga, apresentando vários jogadores de altíssima qualidade e representantes de equipas de topo, mas o que mais impressiona na seleção austríaca é a versatilidade, já tendo alinhado em 4x4x2, 4x3x3, 4x2x3x1 e 3x5x2… tudo isto nos últimos dez jogos, onde apenas perderam dois.

Na baliza Schlager (LASK) parece ter perdido o lugar para Bachmann (Watford) após a derrota pro 4-0 com a Inglaterra. À sua frente, Hinteregger, Dragovic e Lainer são os principais nomes de uma defesa que pode ser a três ou a quatro, dependendo de onde joga Alaba. O meio-campo tem nomes como Konrad Laimer (um dos melhores médios defensivos da actualidade), Marcel Sabitzer (ambos do Leipzig), Florian Grillitsch e Baumgartner (ambos Hoffenheim) e Xaver Schlager (Wolfsburgo). Na frente, a ida do veterano Marko Arnautovic para a China deu espaço ao promissor Sasa Kalajdzic, autor de 16 golos ao serviço do Estugarda esta época. Longe de ser um candidato, esta é uma seleção capaz de ser uma das surpresas do Euro 2020.

Jogador em destaque: Marcel Sabitzer

David Alaba é provavelmente o melhor jogador austríaco da actualidade, mas Marcel Sabitzer é o maestro desta equipa. Aos 27 anos, o jogador do Leipzig que tantas vezes foi ofuscado por outros talentos é hoje uma das principais armas do meio-campo do clube e da seleção e o este Europeu é a oportunidade perfeita para se destacar e conseguir a transferência para a Premier League com que sonha há alguns anos.

 

Ucrânia

Ainda jogasse o selecionador e eram candidatos a algo mais, mas infelizmente para os ucranianos, o lendário Andrey Shevchenko não poderá sair do banco para dar uma ajudinha. Não que falte talento a esta seleção ucraniana e com 20 golos no campeonato belga, Roman Yaremchuk é um ponta-de-lança fiável, mas Sheva será sempre Sheva… como jogador, como selecionador é outra conversa.

Depois dos 4-0 sofridos com a Espanha na Liga das Nações, esta Ucrânia levou 7-1 da França e entrou numa onda de resultados negativos onde só uma vitória por 2-1 à Espanha se safou. Três empates a um com Bahrein, Cazaquistão e Finlândia quase levaram os ucranianos à loucura. Os últimos dois amigáveis deixaram, no entanto, melhores indicações, com duas vitórias, inclusive uns encorajadores 4-0 ao Chipre.

Shevchenko tem optado preferencialmente por um um 4x3x3, com Zinchenko (Manchester City), Yarmolenko, Yaremchuk e Malinovsky como estrelas mais brilhantes de uma Ucrânia que, tanto pode surpreender neste Euro, como passar completamente ao lado.

Jogador em destaque: Ruslan Malinovsky

Chegado o Verão passado à Atalanta de Gasperini, vindo do Genk, Ruslan Malinovsky esteve directamente envolvido em 20 golos pela equipa de Bergamo (8 golos e 12 assistências), sendo o jogador com mais passes para golo da Serie A. Com uma visão de jogo acima da média, o criador de jogo ucraniano tem um remate de meia distância fortíssimo e é muito perigoso nas bolas paradas, podendo aos 28 anos fazer a diferença neste Euro.

 

Macedónia do Norte

Ao comando da seleção da Macedónia desde 2015, Igor Angelovski tem um saldo impressionante de vitórias, em 49 jogos, tem 22 vitórias, 11 empates e 16 derrotas… com a Macedónia! 62ª seleção do ranking da FIFA! Incluindo uma vitória em Duisburgo contra a Alemanha!

Longe de ter um plantel de sonho, Angelovski tem um grupo equilibrado e com vários jogadores talentosos, saltando à vista Enis Bhardi do Levante, Eljif Elmas do Nápoles e o veterano Goran Pandev, do Génova, campeão da Europa em 2010 com o Inter de José Mourinho.

Jogando habitualmente num 3x5x2, a seleção de Angelovski parece curta para ir longe neste Europeu, mas quem viu a Islândia eliminar Inglaterra e só cair nos oitavos e o Pais de Gales numa meia-final, já não digo nada!

Jogador em destaque: Goran Pandev 

O veterano Goran Pandev continua a ser a maior figura desta seleção e um jogador a ter em conta na Serie A. O jogador esteve directamente envolvido em 20% dos golos do Génova esta época, alinhando em 29 jogos (15 a titular). Aos 37 anos, o macedónio continua com muito futebol para dar e nesta que provavelmente será a sua última grande competição internacional, é a oportunidade ideal de sair em grande.

 

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