Euro 2020: a análise ao Grupo F

Nunca a expressão “grupo da morte” fez tanto sentido, com três dos principais candidatos ao título: o campeão Europeu em título, o campeão do Mundo em título, o campeão do Mundo em 2014 e… e a Hungria.

 

Portugal

A seleção das Quinas chega a este Europeu, campeã em título e com aquela que é provavelmente a sua melhor geração de sempre. Com um Cristiano Ronaldo que apesar da idade ainda marca 30 golos por época, um Bruno Fernandes que é 3º melhor marcador e 2º jogador com mais assistências na Premier League, um Ruben Dias que foi eleito jogador do ano dessa mesma Premier League, um André Silva que foi o segundo melhor marcador da Bundesliga e ainda Pote, melhor marcador do campeonato português (e que possivelmente nem será opção), Fernando Santos tem ao seu dispor um leque de craques como nunca outro selecionador teve.

No 4x3x3 preferido de Fernando Santos, Rui Patrício parece ter lugar garantido na baliza à frente de uma defesa onde Rúben Dias e Pepe deverão formar a dupla de centrais, Raphael Guerreiro deverá ser titular à esquerda e na direita, Nélson Semedo deve ser o preferido após a baixa de última hora de João Cancelo. No centro do terreno, Danilo Pereira deverá ser o principal destruidor de jogo, com Rúben Neves, João Palhinha, Sérgio Oliveira e Renato Sanches a disputar a vaga que resta (dependendo do adversário), oferecendo todos algo diferente. Um pouco mais à frente joga Bruno Fernandes, que será o principal criativo desta seleção.

A frente de ataque deverá ser composta por Diogo Jota e Bernardo Silva nas alas, com o incontornável Cristiano Ronaldo a fazer tudo para ultrapassar Ali Daei como melhor marcador de sempre de seleções (faltam, à data, cinco golos) e a bater tudo o que são bolas paradas (talvez os pontapés de baliza deixe para Patrício, vá…). À espreita de um lugar no 11 está André Silva, que vem de uma época a grande nível, marcando mais que Halaand na Bundesliga e João Félix, campeão espanhol pelo Atlético Madrid.

Jogador em destaque: Bruno Fernandes

Mais uma grande época do médio português em Manchester, estando directamente envolvido em 45 golos, nos 58 jogos disputados pelo clube. Foi o terceiro melhor marcador da Premier League e o segundo jogador com mais assistências, sendo a principal razão para a equipa de Solskjaer ter conseguido o segundo lugar e atingido a final da Liga Europa.

 

França

A campeã do Mundo em título é a principal favorita à vitória final na prova. Com um plantel incrível, a França dá-se ao luxo de deixar de fora jogadores como a dupla de centrais do Leipzig, Dayot Upamecano e Ibrahima Konaté (ambos vendidos por somas a rondar os 40M para Bayern e Liverpool, respectivamente), Tanguy Ndombelé, Eduardo Camavinga, Houssem Aouar ou Nabil Fékir. Com os que ficaram de fora dava para fazer um onze candidato ao título!!!

A grande novela desta seleção francesa ainda assim, será a (re)inclusão de Karim Benzema, afastado da seleção desde 2015, por ter ajudado a chantagear o colega Mathieu Valbuena com uma sex-tape a troco de 100 mil euros, apesar de ganhar mais 5 milhões por ano que o colega! E isto depois de um ano antes ter sido julgado por ter tido relações com uma prostituta menor de idade.

Os comandados de Didier Deschamps deverão alinhar num 4x3x3 dada a inclusão de Benzema, apesar de o 4x4x2 ser também uma opção do agrado do selecionador. Hugo Lloris continuará a ser o guarda-redes, com Pavard, Varane, Kimpembe e Hernandez à sua frente. Kanté, Rabiot e Paul Pogba deverão ser os favoritos do selecionador para o meio-campo, atrás de um trio de luxo na frente, com Benzema a falso 9 a dar espaço às diagonais de Mbappé e Griezmann para o meio.

Jogador em destaque: Kylian Mbappé

42 golos marcados e 11 assistências em 47 golos esta época, é o saldo do francês, que em Fevereiro destruiu o Barcelona na Liga dos Campeões, com um hattrick. Começam a faltar adjetivos para o jovem que, ainda só tem 22 anos, mas já ultrapassou os 150 golos na carreira. Impressionante!

 

Alemanha

Vai para 15 anos que Joachim Low assumiu os comandos da seleção alemã, tendo ganho um Mundial e uma Taça das Confederações… e praticamente em qualquer país do Mundo isso era suficiente, mas não na Alemanha! As duas maiores críticas que se pode fazer a Low, além de comer macacos do nariz à frente das câmaras são a forma como geriu a questão Ozil (deixando o jogador ser o bode expiatório de uma campanha que o próprio Low preparou mal) e o falhar na renovação da seleção.

A Mannschaft de Low está num meio termo entre uma geração passada e uma vindoura que Low parece ter medo de reconhecer. Ainda assim, o talento é tanto que é um dos plantéis mais fortes do torneio e um dos principais candidatos ao título, podendo qualquer jogador ser substituído sem perder qualidade do onze. Adoptando ultimamente por um 3x4x3, a Alemanha de Low deve alinhar da seguinte forma: Começando pela baliza, Neuer é ainda o titular, com o trio da frente composto por Rudiger, Hummels e Ginter. O meio-campo conta com Kimmich e Gosens nos flancos, assistindo no centro a uma luta entre Gundogan, Goretzka e Kroos pelas duas vagas do meio.

Na frente, o trio de ataque conta com Serge Gnabry, Timo Werner e Kai Havertz, prometendo velocidade, irreverência e juventude, havendo ainda no banco o um imprevisível Leroy Sané e um experiente Kevin volland. Esta Alemanha parece ser capaz do melhor e do pior… é esperar para ver.

Jogador em destaque: Joshua Kimmich

Kimmich parece ser daqueles jogadores para quem o treinador tira todos os dias de uma tombola a posição em que o vai colocar e ele nem pestaneja, tal é a sua versatilidade. Não é só fazer tudo, é fazer tudo bem, com uma dedicação e uma cultura táctica acima da média. A Alemanha pode actuar praticamente me qualquer esquema táctico, sendo Kimmich o pivôt que permite esta dinâmica… o sonho de qualquer selecionador/treinador.

 

Hungria

A nação que revolucionou o futebol nos anos 50/60, que produziu nomes como Ferenc Puskas, Sandor Kocsis ou Bella Guttmann, é hoje uma pálida sombra de si mesma. Nem sequer Gabor Kiraly, a defender de calças de pijama ainda persiste nesta seleção.

A Hungria no Grupo F está como um peixe na água, se essa água tiver repleta de tubarões. Os comandados do italiano Marco Rossi, chegam, no entanto, ao Euro 2020 sem perder há 11 jogos, tendo o selecionador ganho 15 em 28 jogos ao serviço da seleção magiar, que tem a particularidade de alinhar de inicio com Ádam Szalai, Attila Szalai e Roland Sallai, o que vai ser o paraíso dos comentadores.

As principais referências desta Hungria alinham no Leipzig, com o guarda-redes Gulasci, o central Órban e o médio ofensivo Szoboslai (que estará ausente por lesão) a alinharem no clube do leste da Alemanha e havendo pouco a destacar para além deste trio. A força da Hungria está no coletivo e desrespeitar este conjunto pode ser perigoso, como prova o empate a três na fase de grupos em 2016… contra uma seleção portuguesa que se tornou campeã da Europa!

Jogador em destaque: Petér Gulacsi

Entre tubarões, a Hungria poucas hipóteses terá que não defender bem. O guarda-redes ex-Liverpool será uma das pedras basilares desta equipa, tendo ao longo da época sido essencial para que o Leipzig fosse a defesa menos batida da Liga, com menos 7 golos que o Leverkusen e 12 que o Bayern.

 

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