O que traz Otávio à seleção?

Muitas críticas têm sido feitas à convocatória de Otávio na seleção nacional. Seja por não gostar do jogador em si ou por achar que a seleção é reservada a quem nasce com nacionalidade portuguesa, muitos questionam a utilização de Otávio, argumentando que há opções em Portugal para o lugar do médio portista, não sendo por isso necessário recorrer a um naturalizado.

Analisando apenas o jogador e não o sítio onde nasceu, a chamada de Otávio faz sentido. É um dos melhores médios da Liga NOS e um titular indiscutível do Futebol Clube do Porto, estando a viver a melhor época da carreira a nível individual.

O que traz então Otávio à seleção nacional?

 

Versatilidade

Otávio mostrou no Porto de Sérgio Conceição a sua versatilidade, tendo já sido utilizado em ambas as alas no 4x4x2 preferido do técnico portista e no meio, tanto a 10 como a 8. Otávio oferece a Fernando Santos soluções para vários cenários, podendo ocupar diferentes posições mesmo dentro do próprio jogo, conforme as necessidades da equipa.

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Criatividade

A viver a sua melhor época de sempre, o médio é (juntamente com os colegas de equipa Taremi e Fábio Vieira) o segundo jogador com mais assistências na Liga NOS, atrás do benfiquista Rafa, levando também 3 golos na presente temporada. É o terceiro jogador que mais oportunidades cria na liga (atrás de Taremi e Rafa) e o quarto jogador do campeonato com melhor média de passes chave por jogo.

 

Atitude

Uma das principais críticas feitas ao meio-campo nacional durante o Euro 2020 foi a falta de atitude. Poucos jogadores tinham coragem para assumir o jogo e levar a bola para a frente (excepção feita a Renato Sanches). Se há crítica que não se pode fazer a Otávio é de não ter atitude, às vezes até demais, mas a raça que tanto o faz ser apreciado pelos adeptos azuis e brancos como desdenhado pelos contrários, pode ser muito útil à seleção das quinas.

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Recuperação de bola

Fernando Santos é muitas vezes criticado por usar dois médios defensivos, mas a opção é compreensível, se tivermos em conta que Cristiano Ronaldo e Bruno Fernandes (dois dos jogadores ofensivos mais utilizados) fazem muito pouco trabalho defensivo. Isto impede o técnico de apostar em mais um jogador ofensivo, com medo de perder a coesão defensiva (e todos sabemos o quão dado a medos Fernando Santos é). Otávio, apesar de ser um médio ofensivo, é o jogador da Liga NOS com mais desarmes por jogo (média de 3,3 roubos de bola por encontro), à frente de defesas e médios defensivos, e demonstrou contra a Turquia isso mesmo, com 3 desarmes bem-sucedidos.

Otávio permite a Fernando Santos ter um jogador ofensivo em campo, com um contributo acima da média no momento defensivo, garantindo o equilíbrio que o Engenheiro tanto medo tem de perder e permitindo, quando joga na ala, que o lateral do seu lado suba mais, o que com a qualidade que a seleção tem nas alas (João Cancelo, Raphael Guerreiro, Nuno Mendes, Nélson Semedo, Diogo Dalot, Ricardo Pereira, etc) pode ser muito útil.

 

Excelente início

Até agora, em dois jogos a titular pela seleção (e 15 minutos contra o Arzebaijão), o médio leva dois golos e uma assistência, tendo sido o melhor em campo contra a Turquia, sendo um dos pontos focais do jogo ofensivo da seleção contra a Turquia, pela ala direita do meio-campo nacional.

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