Quem são os principais candidatos a substituir Jorge Jesus?

Após uma revolta no plantel, chega ao fim um novo e conturbado ciclo na Luz, com Jorge Jesus a sair, sem ter conseguido qualquer troféu ou o apoio dos adeptos encarnados. Foram dois anos, onde muito dinheiro foi investido, mas pouco futebol se viu e a paciência dos adeptos foi levada ao limite.

Segue-se Veríssimo, como interino, estando dependente de os resultados para se saber se será a curto prazo, até ao final da época ou, no caso de um novo Lage, para continuar. Fica agora a expectativa de quem será o próximo treinador principal das águias. Que futuro poderão então esperar os benfiquistas?

 

Marco Silva

Foi um dos principais candidatos antes do regresso de Jorge Jesus e volta a ser um dos apontados. No entanto, desta feita, a vida corre bem ao técnico luso em Londres, estando na luta pela liderança do Championship e a oportunidade de regressar à Premier League com o Fulham, pode ser demasiado aliciante para sair (sendo provavelmente a sua última oportunidade em Inglaterra, depois de as duas últimas experiências terem acabado mal). No entanto, uma boa proposta dos encarnados e a possibilidade de jogar a Liga dos Campeões e ganhar títulos, podem ser suficientes para fazer Marco Silva regressar a Portugal.

Marco Silva joga no Fulham com um 4x2x3x1, com laterais ofensivos, dois médios de contenção (não necessariamente defensivos) e três jogadores atrás do ponta-de-lança, dois extremos (um mais criativo e outro mais incisivo) e, conforme os adversários, ou um médio ofensivo ou um segundo-avançado. Traduzindo para o atual plantel encarnado seria, sensivelmente, assim com Everton, Darwin e Rafa atrás de um avançado mais fixo, como Yaremchuk.

 

Paulo Fonseca

Benfiquista, bom treinador e sem emprego, parece um alvo demasiado fácil para não ser, pelo menos, considerado. Depois de uma aventura em Roma que ficou longe do sucesso esperado (apesar de não ter feito um mau trabalho), o técnico luso quer recuperar a boa imagem deixada, especialmente, ao serviço do Shakhtar Donetsk, onde venceu 104 dos 139 jogos realizados.

Apesar de um habitual adepto do 4x2x3x1, Paulo Fonseca fez em Roma várias experiências com três centrais, mas para não assustar os benfiquistas que ainda têm pesadelos com o 3x5x2 de Jesus, vamos fingir que isso nunca aconteceu e afastar, para já, esse cenário. Em que difere o 4x2x4x1 de Paulo Fonseca do de Marco Silva? No jogador central do meio-campo ofensivo, tirando espaço ou a Everton ou a Darwin para um jogador mais criativo e mais dotado no capítulo do passe, como João Mário que, nas suas costas, teria uma espécie de duplo pivot, com Weigl e Meite como principais candidatos a assumir o lugar.

 

Marcelo Gallardo

Aguarda-se com expectativa a vinda do técnico argentino para a Europa, uma vez que é, provavelmente, o melhor técnico a actuar na América do Sul na atualidade. O Benfica poderá ser por isso um projecto que o atrai, vindo para uma liga que é habitualmente de transição do futebol sul-americano para o Europeu, com um plantel capaz de competir por títulos e de brilhar nas provas da UEFA.

Gallardo varia muito na disposição dos jogadores, mas pouco nas ideias de jogo. Gosta de ter a equipa a pressionar muito, tornando pequena a zona onde a bola está a circular, para a recuperar rapidamente e partir para o ataque enquanto o adversário está fora de posição, numa versão sul-americana do Gegenpressing de Klopp, Tuchel e Rangnick. Muito é exigido física e tacticamente dos jogadores, pelo que, desta lista, será o que mais tempo deverá levar a adaptar-se e a fazer com que o plantel perceba as suas ideias, mas também aquele que (potencialmente) poderá tornar o Benfica numa equipa mais agressiva e temível para o adversário. Seguindo o 4x2x2x2 que usou mais frequentemente, Rafa seria provavelmente o principal sacrificado no 11 do técnico argentino, com Darwin a desempenhar o papel de avançado solto e Yaremchuk a principal referência ofensiva.

 

Pepa

Foi um menino de ouro na Luz enquanto jogador e é hoje um dos principais desejos dos benfiquistas para o banco encarnado, depois do excelente trabalho em Paços de Ferreira, na época passada. Apesar de, até agora, não estar a fazer uma época extraordinária em Guimarães, o Vitória de Pepa tem o 6º melhor ataque e a 6ª melhor defesa do campeonato nacional, sendo a equipa que mais oportunidades cria a seguir aos grandes, e a par do Benfica a equipa que mais acerta nos ferros (9 vezes até agora).

Pepa, já falou várias vezes da importância que tem para si a posição 6, que vê como fulcral na equipa, na transição entre a defesa e o ataque e vice-versa. Pode ter em Weigl o organizador recuado que tinha em Eustáquio na Mata Real, mas um médio de contenção como Gedson pode ser essencial para segurar o meio-campo, a par de João Mário. No ataque, Rafa, Darwin e Yaremchuk seriam provavelmente as primeiras opções.

 

Andrea Pirlo

Um génio dentro de campo, Pirlo não conseguiu mostrar essa mesma capacidade fora das quatro linhas, perdendo o primeiro título da Juventus em 11 anos, na sua estreia nos bancos, não tendo impressionado nesta primeira aventura enquanto treinador. No entanto, a crença que Pirlo pode ser um bom treinador no futuro continua a ser partilhada por vários responsáveis desportivos e a amizade com o presidente encarnado pode dar-lhe na Luz, uma oportunidade de ouro para mostrar que a má experiência em Turim foi apenas um percalço.

Andrea Pirlo escolheu frequentemente o 4x4x2, posicionando na alas a maior responsabilidade  criativa da equipa, servindo o centro do terreno (principalmente) para ajudar na transição entre flancos, esticando a defesa adversária e abrindo espaços, para as entradas de avançados na área.

 

Renato Paiva

O antigo técnico da equipa B dos encarnados tem brilhado na América do Sul ao serviço do Independiente Del Valle, sendo apontado como um dos principais treinadores a ter em atenção no continente.
Muito disciplinado tacticamente e com ideias muito concretas ofensivamente, Renato Paiva significaria (provavelmente) manter os três centrais, mas com um plano de jogo muito mais concreto e afinado, baseado em triangulações constantes e com os médios-centro a desempenharme um papel muito mais determinante a nível ofensivo. Weigl jogaria à frente da defesa, para começar a construção ofensiva, com João Mário e Pizzi à sua frente, a garantir, não só, a cobertura das alas, durante as subidas dos laterais, como a subir à vez para ter mais um homem na área. Nas alas, a energia e disciplina (esta terá de ser muito trabalhada) de Diogo Gonçalves e Grimaldo serão determinantes para o sucesso da equipa, com Rafa a poder ter um papel na direita, se trabalhar as suas características defensivas. Renato Paiva tem um estilo arriscado, mas que contra equipas que jogam um futebol mais fechado (como grande parte das equipas em Portugal contra os grandes) pode compensar bastante.

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