Afrobasket 2021: A Caminho dos Quartos-de-Final

Caro leitor,

Se é um habituado desta página, certamente está ao corrente que está a decorrer o Campeonato Africano das Nações de Basquetebol – AfroBasket 2021. O torneio conta com as 16 melhores selecções da modalidade no continente. Os grandes favoritos estavam mais ou menos bem distribuídos pelos 4 grupos, só o grupo B tinha dois: a Tunísia e o Egipto.

Depois de uma fase de grupos que viu a selecção de Angola perder dois jogos consecutivos e estar à beira da eliminação directa, enquanto Cabo Verde criou surpresa ao vencer o primeiro jogo contra os seus congéneres lusófonos e acabar primeiro do grupo A, os outros resultados foram mais ou menos “expectáveis”: a Tunísia ganhou facilmente os seus três jogos ficando em primeiro lugar do grupo B, o Senegal e a Côte d’Ivoire fizeram o mesmo nos seus grupos respectivos.

Na fase de grupos, note-se que a equipa dos Camarões não se apresentou para o seu primeiro jogo contra o Sudão do Sul, devido a 5 jogadores terem acusado positivo ao Covid 19.

Os primeiros classificados de cada grupo têm acesso directo aos quartos de final, enquanto os segundos e terceiros disputam os restantes lugares em jogos de eliminação directa. Angola, terceiro do grupo A, defrontou o Egipto, segundo do grupo B. Desta vez, a sorte sorriu aos Palancas, que ganharam por 70-62, com um Carlos Morais em melhor forma do que no jogo perdido contra o Ruanda, onde apenas marcou 3 pontos em 22 minutos em campo. Gerson Gonçalves e Jilson Bango também se destacaram no ataque e na defesa respectivamente. O Ruanda, selecção anfitriã e segundo classificado do grupo A, defrontou a Guiné Conacri.Apesar do grande jogo da sua estrela local Kenny Gasana, que terminou a partida com 28 pontos, o esforço colectivo dos guineenses, conduzidos pelos 13 pontos, 7 ressaltos, 2 roubos de bola e 2 bloqueios de Mohammed Queta, levou-os à vitória (72-68).No momento em que vos escrevo, a Nigéria, segunda classificada do grupo C, acaba de ser eliminada pelo surpreendente Uganda (80-68), num jogo onde o veterano Robinson Pong conduziu o ataque ugandês, enquanto Ishmail Wainwright, com 10 ressaltos defensivos, fez a diferença a conter os favoritos nigerianos. Resta a disputar ainda hoje a partida entre o Sudão do Sul e o Quénia para se fechar o quadro dos quartos de final.

Se tivermos que resumir esta primeira fase do Afrobasket, podemos dizer que contamos já com algumas surpresas de peso. A eliminação prematura do Egipto e da Nigéria foi sem dúvida um golpe duro para estes países, que ambos acabaram em segundo dos seus grupos. Mas ambas equipas, habituais “gigantes” na competição, apresentaram-se com equipas mais jovens (26 anos de média de idade para ambas) e sem os veteranos que as tinham conduzido mais longe em edições anteriores do torneio.

Quanto aos dois representantes da lusofonia, tiveram caminhos diferentes, mas ainda estão na corrida. Angola deverá defrontar o Senegal, a melhor equipa ofensiva do torneio até ao momento, com uma média de 98 pontos por jogo. Gorgui Dieng, que evolui na liga americana NBA, é o principal perigo deste colectivo senegalês, mas seria um erro acreditar que é o único. A equipa é jovem, dinâmica, e conta com jogadores de qualidade, como Brancou Badio, que evolui no FC Barcelona, e tem sido um temível lançador (56% de lançamentos de campo, 62,5% de lançamentos de 3 pontos!). Angola deverá contar com os seus jogadores no máximo da sua concentração, que foi o que faltou nos dois primeiros jogos, perdidos depois de passar a maioria dos jogos na liderança. Contra este adversário, se Angola se deixa distanciar no marcador, ou não se mostra capaz de melhor controlar o 4º período, poderá ser o jogo de despedida.

Enquanto isso, Cabo Verde, em repouso desde dia 28, em que disputou o seu último jogo da fase de grupos, vai defrontar o Uganda, que eliminou a Nigéria. Walter “Edy” Tavares é sem dúvida um dos grandes nomes deste torneio até ao momento, fazendo maravilhas defensivamente, e instilando confiança nos seus companheiros de equipa; mas é Jeffrey Nunes Xavier, base o veterano nascido e criado nos Estados Unidos, que dá o ritmo do jogo desta selecção. O Uganda não será um adversário fácil, sobretudo depois do boost  de confiança que foi a vitória contra a Nigéria. Mas o que há de fantástico no basquetebol é que, até ao apito final, tudo pode acontecer.

Desejo a melhor das sortes à selecção de Cabo Verde, mas sobretudo à de Angola, que depois de um começo difícil, demonstrou não ter vontade de voltar para casa tão cedo. O Senegal é hoje uma montanha, mas nada é intransponível para o coração de um campeão! Que se cumpra essa promessa, e que possamos ter uma (e porque não duas) equipa(s) lusófona(s) na final deste torneio!

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